Em Minas um boi cacareja a sua desconfiança de canário
Em Minas um pito estremece na boca despetalada do velho
(que nem supõe mais como ou quando morrer)
Em Minas o sol se melindra com a fecundidade esverdeada das coisas
O trem apara a preguiça das serras
(enigmático como tudo se torna trem em Minas)
Um compêndio de curas nas rezas calejadas das mulheres
As tripas das paredes escapando da erosão dos rebocos
(Minas é um povo caducando nas horas desabitadas)
Já é impossível pescar esta Minas em Minas
Libertar esta Minas de Minas
Ou desonrar o ventre que traduziu em desassossego essa rigidez mineral
Um galo esporeia, com sua covardia amolada, os chifres da morte
Enquanto uma rede nina uma selvageria de substratos:
Há um torrão de Minas engastalhado na minha garganta.

Whisner Fraga - Ribeirão Preto/SP

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