ENQUANTO A ÚLTIMA LÁGRIMA CAI

Por Poeta Clebber Bianchi | 8/17/2009 07:43:00 PM em |


ENQUANTO A ÚLTIMA LÁGRIMA CAI.


Há pouco, em seu leito de morte, uma senhora deixou escapar do canto olhos aquela que seria sua última lágrima, não sei se de dor ou de alívio. Nunca saberei se ela tinha consciência de que aquela seria sua última lágrima.
Antes de ir, proferiu, enquanto sua última lágrima caía, suas últimas palavras:
_ Nunca pensei que o calor do sol na minha pele fosse me fazer tanta falta! Por tanto, se agora é dia, vá para fora, feche os olhos diante do sol e sinta o bem que seu calor faz. Se chove, somente mais uma vez tome um banho de chuva e sinta o pingo frio refrescar seu rosto, verá o bem que isso faz. No meio do dia, durante o expediente, pare e sinta a leveza do vento balançar seus cabelos enquanto resseca seus olhos e arrepia os pelinhos do braço, procure não ouvir nada nem ninguém, sinta o vento e observe-o balançar as folhas da árvore na esquina. Se é noite, vá à janela, à sacada, ao quintal, relaxe, feche os olhos e tente ouvir todos os ruídos que existem em volta de você, como o mundo se movimenta ao redor, isso o fará relembrar fatos, entender atos, e tomar atitudes. Faça sempre algo que gosta pela última vez, assim fará esse algo valer a pena como se fosse pela última vez, mas faça sempre. Não seja materialista demais, mas não desperdice seu dinheiro, pois vai precisar dele. Não seja religioso demais, seja solidário, ame o próximo como a ti mesmo, perdoe seus inimigos, mas não seja religioso demais, senão vai carregar o peso de pecados que ainda nem cometeu, e tenha fé, você vai precisar dela. Não descarregue nos outros seus problemas, angústias ou tristezas, esses outros não são depósitos de lixo. A sua fonte de energia está dentro de você.
Aquela senhora parou na primeira frase enquanto ainda falava do sol. O resto vivi aos poucos, depois que, de olhos fechados, senti por algumas vezes o calor do sol.
Agora, aos trinta anos, em meu leito de morte, entendo esta última lágrima que cai, eu a deixo escapar como se fosse a última, a última lágrima que cai.
Nunca fui muito sentimental, mas também nunca tive a frieza dos nórdicos, se bem, que nem sei se os nórdicos são frios, enfim, a realidade é que à beira da morte a gente escreve até autoajuda, além disso, Deus existe mesmo .

1 comentários:

  1. Anônimo on 30 de junho de 2010 às 14:20

    Adorei seu poema..
    São versos realmente muito marcantes
    Acredite... eu jamais deixaria este comentário se não tivesse lido um belo poema

     


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