Do passado pressente
o que a memória lembra
na identificação dos rostos
lugares
datas
do passado mente o não acontecido
lembranças nas versões dos fatos
verdades sobrepostas
no verdadeiramente exposto
de onde retira o âmago
angustiado de estar aqui
fantasma iluminado
de vidas inalcançáveis
do passado sente a expressão
do gosto: a criança ressurge
no tempo na imagem esperada.
(Pedro Du Bois, (DES)TEMPO, Edição do Autor)
Para ferir
qualquer palavra
é pedra.
Na boca
de quem ama
derrete-se a dureza:
palavras exalam
hálito de flores.
Nos finais de tardes
pequenos pássaros
fazem do telhado
refúgio
tempo de espera
de irem aos lugares
do sono
árvore
árvores
pássaros esperam
as horas em lentos
voares extensos
versos de obrigado
e domingos repletos
de nada.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. II, 42, Edição do Autor)
A poesia,
flor desabrochando
no meu cotidiano.
Com os dedos da linguagem
tento colhê-la
e quem sabe
plantá-la
no vaso das palavras.
Por Tonho França | 6/18/2011 10:51:00 AM em | comentários (2)
Todo verso sangra
todo verso fere
todo verso acaricia
alivia a febre
todo verso é ânsia
premência de vida
erupção,estopim
a cada verso
mais adentro
mm mim
Mais próximo
De um novo
começo ou fim...
tonho frança
O sentimento muda tal qual nuvem.
O mesmo amor que desarma,
arma...
O bem-querer que acalma,
desalma...
O abraço que afaga,
afoga...
Coração é folha seca,
pena de passarinho à deriva,
quem traça o caminho é o sopro do vento.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 44)
Homenagem ao 123º Aniversário de Fernando Pessoa
Por Fabiano Fernandes Garcez | 6/13/2011 03:31:00 PM em Fabiano Fernandes Garcez | comentários (1)
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
minha poesia
é quase nula diante
de um dia tão AZUL.
Desde quando me fiz início
sei da necessidade
da partida. Desde então
me acoberto em espaços
que não me pertencem
em busca do que
me nego ao necessário.
Fosse eu a permanência.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Vol. I, dedicatória, Edição do Autor)
dedicado à avó Maria
cheiro de mexerica
e o aconchegante sol de inverno
só não era mais aconchegante
que a companhia de minha avó
A vida sem replay,
flahback, cortes de cena.
Dias monótonos em repetições.
A audácia comum aos sedentários.
Esportes radicais, emprego
de astronauta. A multidão
cerca o palco, carros
ultrapassam trezentos
quilômetros por hora.
Vida envelhecida em repetições.
A sensação de tédio e raiva.
Não mais cantar: saltar.
Não mais viajar ao espaço.
Apenas: deixar-se ficar
no alpendre onde replays
e flahbacks se eternizam.
(Pedro Du Bois, DAS DISTÂNCIAS PERMANENTES, Edição do Autor)