No esforço do amor
amo
ama
e a cena se faz
em lençóis desfeitos
corpos imperfeitos
e a estrela rarefeita
cega o olhar
olha
olho sobre a tela
avisa
avista
entrevista
resolve a vida desde o começo
início
(comércio)
compareço
e o desamor instala
estala
estatela.
(Pedro Du Bois, inédito)
Aparato
o soldado marcha
passos rápidos
decidem a hora
da prisão infecta
o mundo desmorona
lamentos
medos
raivas
na marginalidade
o pote transbordado em fel
como se saber em paz
no espírito deixado
na alegria ingênua das promessas
e pombos
sinal
fechado em permanência
que abre em cores diversas
ao enganar a cor apresentada
em nomes diferentes
de mesmos rostos
e passos
tantos os sonhos discursados
que as sinas se igualam
ao passado
a versão oficial arranja as cordas
nos violinos plenos em tristezas.
(Pedro Du Bois, inédito)
Onde o mal aflora
fora de hora
e na hora
exata
em que a justa
luta
enluta
o corpo
e a família
o mal de fora
deflora o corpo
e a virgem sabe
do pecado
o mal fora de hora
em todas as horas
na falta da hora
na desonra.
(Pedro Du Bois, inédito)
QUERO LER UM POEMA
QUE ME DESVENDE, ME DESVELE , REVELE
ME DIGA QUEM EU SOU
SEM SUBTERFÚGIOS
ME DEIXE SEM VERNIZ E CINZA.
trago a continuação do que se desespera
friamente na mão que se encerra e destaca
o troco com que se ofende: é destino
estar em olhos vazados ao ser ausência
apenas o que trago: negócios vendem ódios
e trabalhos. relicários desfeitos em crenças
de que problemas se resolvem em dízimos
e a benção se esfumaça no ar pesado
da reação diversa à receita
trago na imobilidade a chegada das horas
em que versos se apresentam estéticos
em simples palavras
catadas no chão úmido
de dividos espaços na vinda
vida ávida e aurora despontam
em espantado pó sobre a mesa
onde ponho o trazer e o desprazer
da não viagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
Do mal bebo o gosto
amargo
amaro
avaro gesto
de desgosto
desmaio o corpo sob a força
da malignidade exposta
hoje
ontem
sempre
de mal a pior
na pior hora
oro o pedido
o perdão se apresenta
com doce gosto?
Do mal falo o princípio
e a sorte
lança
sua sorte.
(Pedro Du Bois, inédito)