sérios
tímidos
assustados
assoberbados
em sobrevivências
de afeto
escandalosos
ruinosos
aos nossos interesses
(Pedro Du Bois, inédito)
Sentado na areia
entre meu pai
e outra pessoa
pequeno
entre meu pai
e outra pessoa
a água molhava nossos corpos
sentado entre
outra pessoa
e meu pai
tinha o sentido do mundo
(pequeno)
entre a areia
a água
meu pai
e outra pessoa
de quem não lembro.
(Pedro Du Bois, inédito)
Menos ardor
pede a fada
madrinha
ao casal
espantado
em atos
menos calor
pede o par
menos favores
e por favor
nos deixe sós
são madrinhas
enquanto fadas
responsáveis.
(Pedro Du Bois, inédito)
Diz:
maltratado coração
lugar
comum de falhos fatos
e
fantasias
à noite todos os gatos são pardos,
todos os seios são fartos,
todo trabalho é um fardo,
todo vagido é um parto.
Distâncias percorridas
na velocidade
imposta
pela necessidade
de chegar
antes do embarque
o atraso circunstancial
no trajeto
o largo espectro
oferece à estrela
o sim
e o não
distâncias encurtadas
em disponíveis horas
de indóceis minutos
eternos no não chegar.
(Pedro Du Bois, inédito)
Transmudadas cores
enganosas faces
ferozes ícones
descontinuadas horas
no tempo
das campainhas
e alarmes
sustos e medos
na música tranquilizadora
esqueço as cores
são falsas imagens
de domingos religiosos
e entregas
tenho o ouvido atento aos latidos
aos grunhidos das feras no ocaso
e em acesos olhos
onde meu medo se entrega
e me liberto em cinzentas cores.
(Pedro Du Bois, inédito)
Assassino confesso
confessa a mágoa
de ter sido deixado
ao sabor da tormenta
atormentado ser
a mentir além
da desgraça
fosse o número
o limite da (sua)
capacidade
pobre animal sanguinário
covarde em triste carcaça
predador
emparedado
em limitações.
(Pedro Du Bois, inédito)
Há a história
e suas versões
de quentes verões
em noites intermináveis
são exploradores de brincadeiras
e heróis de tantas feiras
levando as férias
na ponta do lápis
uma bebida
um almoço
uma cerveja
um caroço
outra bebida
um lanche
rápido.
(Pedro Du Bois, inédito)
O peixe sabe da isca
mesmo assim
se arrisca
e perde
o anzol
prende a garganta
e a força
o leva
para fora
antes de sufocar
vê o mundo
fosse outro mundo
ilusório
o peixe sabe da isca
por isso
se arrisca
e ganha.
(Pedro Du Bois, inédito)
Vendo a ilusão
de que o civil
que começa o ano
possa ser feliz
ou mais feliz
em extremos toques
desfeitos
nos defeitos
que os anos
me repetem
busco na ilusão
o copo esvaziado
do que levo
ao ano que se inicia
tapo os ouvidos aos fogos
no artifício da ilusão
de que as cores se fazem
eternas
pétreas
petrificadas.
(Pedro Du Bois, inédito)
Não há o sorriso em sério rosto
a espera angustia no corpo cansado
mira a presa
e atira: mortalmente ferida
a fumaça no cheiro característico
do que sobra: pouco
meras palavras
explicam o não sorriso
em seus lábios
mordisca o lábio ao atravessar
a rua em sentido contrário
o horário ressurge em cobrança:
encerra ares
no findar a felicidade.
(Pedro Du Bois, inédito)
Aos tímidos
sobram
os olhos
abaixados
de onde
vêem
seus pés
no chão
altos
longos
e longe
têm medo
da altura
da lonjura
da largura
não levantam os olhos
nem olham para fora
(apenas)
esperam o piscar
das pálpebras
para acordarem.
(Pedro Du Bois, inédito)
Apresentado como rei
na reverência
pompa
e circunstância
tocado na passagem
dos pés
olhado no viés
dos olhos
visto na divindade
feito homem
tremido corpo no medo
tremido na voz da súplica
tremido na intenção do espírito
não dá o ar da graça: conta
desgraças em cada parede
desgraçado através do espelho
(onde nada vê).
(Pedro Du Bois, inédito)
Revejo a cena.
No fundo da garagem
olhos vermelhos
brilhantes
o demônio
- pequeno.
No pátio
indiferentes garotos
jogavam bola.
Sou única
testemunha.
(Pedro Du Bois, em REENCAMINHADO, 2005)
Por Cláudio Costa | 9/01/2013 12:48:00 PM em | comentários (0)
No jardim não há silêncio. Caminhava atenta a pequena, curtindo as belezas da pequena floresta. Em cada flor um grito de cores que se misturavam às sensações dos pés descalços na grama ainda inundada pelo orvalho. Pássaros conversavam em misturas de tons que tingiam um quadro de festa, daquelas bem divertidas. Ao lado, soltando as mãos, o pai caminhava rumo à árvore, contemplando o silêncio.
Como pode um livro se esconder em nossa memória?
O menino do dedo verde estava escondido em minha cabeça desde a adolescência, ou um pouco antes disso, quando o li pela primeira vez. Hoje, depois de 30 anos mais ou menos, redescobri o que já sabia, apesar dele ter se escondido em mim nesse tempo todo, O menino do dedo verde é um belo livro, doce, terno, poético que tem o poder de transformar tudo em flores.
Ética
utópica
meus sonhos
imagens fragmentadas
em conversas
enquanto acordado
utópica
ética
nos fragmentos encontro
o teor na inteireza
do corpo em discurso
onde repouso.
(Pedro Du Bois, inédito)
De tantas mortes a árvore prateada guarda o rosto
impassível da hora. A senhora. As drágeas.
As pílulas. Verdes tampos guardam as flores
dourada da chegada: o concurso e o discurso
raivoso da despedida. A cicatriz espelha
os quilômetros rodados. Para onde fomos
quando saímos de casa. O choro da mãe
reflete as dores do parto na ausência.
A morte é retorno: mágico trapézio.
Não há o cavaleiro e a montaria estanca.
Apenas rumores, não a morte que torce
a história. Calo o olhar retorcido. Cai
a máscara e a face mostra recomeços.
Não há razões na morte que me escolhe
e que se encolhe nas chuvas primaveris
da razão. Quente é a hora.
(Pedro Du Bois, inédito)
O retorno é sua vida
em dias de ventiladores
(ligadas formas de espantar
o calor na passagem)
porque retorna seu pensamento
amigo e companheiro das horas
resta entre o vento
amainado na descoberta
cabeça e mãos ásperas
em rugas
retorna na imprecisa forma
de seus fantasmas e do sorriso
que resta em cada brincadeira
criança ainda
sem motivo e medo
no avançar constante
de fazer instantânea
a paisagem entre os morros.
(Pedro Du Bois, inédito)
A inconclusão dos fatos
se transformam
ao terminarem
as cenas
e as luzes
forem apagadas
dúvida: retirados espinhos
e o sangue jorra das entranhas
você sofre a hora
da inverdade
- todos os dias -
em cobranças
por ser o primeiro
na inépcia
que nega a comprovação
inconclusa matéria
sumida nos sonhos
em que se move
o esquecimento.
(Pedro Du Bois, inédito)
Nos olhos repouso
o fundo me guarda
tal cisco lacrimejante
estou em seus olhos
e o momento da contração
contrafaz a imagem
onde me colorizo
em prismas diversos.
(Pedro Du Bois, inédito)
Na palavra
oco som
repetido
serve aos bandidos
aos soldados
aos amigos
aos santos
a palavra aumenta a fúria
da tempestade e faz rugir
o medo da seriedade
na palavra
o som
repetido
serve de acolhida
na entrada
como loucura
e noite.
(Pedro Du Bois, inédito)
Somos apenas chapéus
sobre as cabeças
poderíamos ser sóis
secando a grama
na proteção
o ataque
com que a defesa
parte o destino
o chapéu e a cabeça
protegem do frio
o calor dos meninos
os sóis fazem sua parte
e se mostram longe
ao contato.
(Pedro Du Bois, inédito)
Da boa água
os patos
distantes
não se interessam
flutuo na queda
(olhos abertos)
minhas mãos imitam
movimentos
estou calado
longe
nuvens cobrem
as luzes
patos passeiam indiferentes
alimentados e fartos
ofertado
cedo ao impulso
meu corpo desce
sob a superfície do encontro
o barulho dos patos
é a minha ausência.
(Pedro Du Bois, inédito)
Quando retornar
- que o retorno é certo
estarei sentado à espera
do complemento de suas palavras
sorriremos
retornará ao caminho que lhe é próprio
nas incerteza dos deuses
em seus barulhos
serei o silêncio do seu regresso
na manhã encoberta por nuvens
de angústias
retornos pagam o pedágio da passagem
na transfiguração do corpo em imagens
fugidias do (ultra)passado.
(Pedro Du Bois, inédito)
Diz ser a verdade: mero
instante fragmentado
da vida
errante
ser isolado
acredita e crê
move a pedra
na redenção
e a mentira
se repete
entre todos
a verdade desnuda fatos
acontecidos e nada significa.
(Pedro Du Bois, inédito)
O rigor do corpo indetermina
a ação dos que se avançam em fome.
E se desintegra em óxidos
de que a flama
espontânea (injusta)
se encarrega.
(Pedro Du Bois, inédito)
Na noite repleta de escuros cantos
a luz espanta os corpos que se encontram
em conversas antigas de muitos anos
lances sorrateiros e o apito do guarda
que do medo retira a sua vontade
de ser encontrado em sorte ou azar
ser o irrealizado verão
de luzes
e noites quentes
fossem escuros os cantos
onde possam continuar anônimos
e o vento leve consigo os papéis
(não) é a noite o receptáculo
sazonal de legumes e verduras
chegando cedo à mesa
de quem dorme
(não) se fazem negócios enquanto a noite
se esconde em clarões humanos
de agenciadas vidas
e mortes descoloridas.
(Pedro Du Bois, inédito)
No esforço do amor
amo
ama
e a cena se faz
em lençóis desfeitos
corpos imperfeitos
e a estrela rarefeita
cega o olhar
olha
olho sobre a tela
avisa
avista
entrevista
resolve a vida desde o começo
início
(comércio)
compareço
e o desamor instala
estala
estatela.
(Pedro Du Bois, inédito)
Aparato
o soldado marcha
passos rápidos
decidem a hora
da prisão infecta
o mundo desmorona
lamentos
medos
raivas
na marginalidade
o pote transbordado em fel
como se saber em paz
no espírito deixado
na alegria ingênua das promessas
e pombos
sinal
fechado em permanência
que abre em cores diversas
ao enganar a cor apresentada
em nomes diferentes
de mesmos rostos
e passos
tantos os sonhos discursados
que as sinas se igualam
ao passado
a versão oficial arranja as cordas
nos violinos plenos em tristezas.
(Pedro Du Bois, inédito)
Onde o mal aflora
fora de hora
e na hora
exata
em que a justa
luta
enluta
o corpo
e a família
o mal de fora
deflora o corpo
e a virgem sabe
do pecado
o mal fora de hora
em todas as horas
na falta da hora
na desonra.
(Pedro Du Bois, inédito)
QUERO LER UM POEMA
QUE ME DESVENDE, ME DESVELE , REVELE
ME DIGA QUEM EU SOU
SEM SUBTERFÚGIOS
ME DEIXE SEM VERNIZ E CINZA.
trago a continuação do que se desespera
friamente na mão que se encerra e destaca
o troco com que se ofende: é destino
estar em olhos vazados ao ser ausência
apenas o que trago: negócios vendem ódios
e trabalhos. relicários desfeitos em crenças
de que problemas se resolvem em dízimos
e a benção se esfumaça no ar pesado
da reação diversa à receita
trago na imobilidade a chegada das horas
em que versos se apresentam estéticos
em simples palavras
catadas no chão úmido
de dividos espaços na vinda
vida ávida e aurora despontam
em espantado pó sobre a mesa
onde ponho o trazer e o desprazer
da não viagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
Do mal bebo o gosto
amargo
amaro
avaro gesto
de desgosto
desmaio o corpo sob a força
da malignidade exposta
hoje
ontem
sempre
de mal a pior
na pior hora
oro o pedido
o perdão se apresenta
com doce gosto?
Do mal falo o princípio
e a sorte
lança
sua sorte.
(Pedro Du Bois, inédito)
Finalmente encontrou seu lugar ao sol. Ardeu em chamas.
Antes que acorde
corre o lápis: escreve
palavras que antecipam
o dia
o frescor da manhã
pela janela: nuvens guardam em luzes
as sombras que não representam
dorme alongados sonhos
que o corpo descansa
na espera do que encontrará
escrito
o bilhete em letras claras: a sombra
mata os sonhos em que esquecemos
nossas vidas: sobre a cama o acordar
torna a hora fechada em esperanças.
(Pedro Du Bois, inédito)
A mão imóvel
não permite o traço
em gesto estático
boneco: corpo na vitrine
em que apenas os olhos
sobre a rua
giram
na procura
de quem não passa
pode o futuro estar à frente
do corpo imóvel?
Na imobilidade o espírito
- seria alma - se aquieta
na espera da hora
em que os movimentos
são recuperados
e o aceno acontece.
(Pedro Du Bois, inédito)
não sei mais fazer poesia,
como se algum dia eu sabia.
No crime o sentido extravasa
o morto
o corpo
o motivo
transforma o inferno em vidas
ceifadas
espoliadas
arrasadas
o criminoso sabe o resultado
e acostumado
volta pra casa
deita e dorme
à polícia cabe cobrir o cadáver
inquirir testemunhas
informar oficialmente
que não existem pistas
(tudo publicado no canto da página
do jornal do bairro).
(Pedro Du Bois, inédito)
O rio em águas escuras
de transitados restos
orgânicos
de um mundo
melhor
o rio atravessa o vale
e a cascata se faz longe
águas poluídas cozinham
batatas e ovos explodem
suas cascas
encrespadas águas que o vento
muda de lugar.
(Pedro Du Bois, inédito)
Se de tudo
faço pedaço
no fragmento
busco a totalidade
(impregnada)
no curto espaço
no mínimo compasso
na pouca paixão
na rala condição
o sentimento agrupa
agregado grupo
segregado corpo
(totalizado)
mais vale a parte
mas vale o nada.
(Pedro Du Bois, inédito)
Provoco a tempestade
em que os afogados
surgem entre sereias
(devolvem os corpos
que nos são roubados)
a tempestade amaina
em corpos ressurrectos
sereias sorridentes
pedem outras tormentas
pego os corpos
restituídos em vida
e não escuto a súplica
das sereias.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por todos que se mostram
prontos ao embate
com armas em riste
o olhar triste conhece a sina
dos que avançam sem sentido: cobiça.
A cobiça líquida e certa ceifa sentimentos
de envolvidos estrategistas generais de plantão.
Teletransmissores psicólogos e religiosos
dão moral à tropa esfalfada em gritos
que escondem o medo e a morte.
Pernanece a pergunta e a dúvida na chuva
miúda que cai sobre a cidade molhada
em água e sangue de escorridos corpos.
Apenas os soldados na ruas
destruídas
nos prédios
bombardeados
em ódio destilado: por quem estão ali?
(Pedro Du Bois, inédito)
Por Cláudio Costa | 3/14/2013 10:44:00 PM em | comentários (0)
Devir
As malas na porta não
representavam a despedida.
Findo
como o dia
afundo
como pedra
n'água
afino
como tom de conversa
aceno: ácero
corpo
descompassado.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por JURA | 3/03/2013 10:14:00 PM em | comentários (2)
Vésper
derrota a tarde
cede o espaço
à última luz
que aqui
antecede
vésper
véspera
na anunciação
da hora
em que
anoiteço.
(Pedro Du Bois, inédito)
Da chave possuo o segredo:
mistério entreaberto
na porta solidificada
de onde estou
até você
o tempo se transforma
em distância
e nos afasta
em passados sentimentos
despossuído em marcas assinaladas
do que chamo tempo me agarro
em lembranças encordoadas
o corpo pende no espaço
e derrubo em segredo
a chave em que me revelo.
(Pedro Du Bois, inédito)
Consagro o último dia
ao novo
recomposto
esquento a comida
na panela abatida
sobre a mesa
o calor do corpo esvaído
em novos pensamentos
e promessa.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por Cláudio Costa | 2/15/2013 12:10:00 PM em | comentários (0)
Meu nome é maria:
do lar, casada e virgem
Meu nome é Maria,
não das graças e nem dos prazeres,
só das Dores
Por Cláudio Costa | 2/15/2013 12:09:00 PM em | comentários (0)
AUSÊNCIA
Pensava ele ao fazer e desarrumar as malas:
Os cacos aos poucos cristalizarão, mas o que fazer quanto ao pó
em que transformara a alma?
Por JURA | 2/09/2013 01:29:00 PM em | comentários (2)
Não limpo
a terra: o pecado
infecta
o mistério
limpo a mente
da guerra reducionista
das ideias
o pecado repete
a sequência
das sentenças
não limpo
a terra: esclareço que a música
não me conduz ao centro
o paralelismo me conforta
e da guerra retiro seus enfeites.
(Pedro Du Bois, inédito)
Liquido as imagens do ano findo:
afundo lembranças
desacostumo os olhos
em espelhos refletores
a rotação traz a permanência
e redundâncias: o que faço
e sou enquanto a velocidade
constante me imobiliza
revido ao gesto de desdém.
Sou na civilidade o ocaso
inverso do sucesso: predominância
dos dias alternados na velocidade
da saudade
na certeza de que após o fim
recomeça a imagem desgastada
ao passar pelo tempo. Anos iniciados
em vozes geram esperas de novos temas.
Lembranças decompostadas aos meios
e aos fins
que o fim é começo eternizado.
(Pedro Du Bois, inédito)
Sobre o amor
deduzido no peso
dos anos
lembra vagas conversas
de anos anteriores
o que disseram
certas vozes
pelos corredores
na frieza do hotel
onde não se reconhece
sobre o amor
esquece o tom
e sussurra ao tempo
promessas de imobilidade
lembra o texto decorado
e o atravessa em lágrimas
de lembranças.
(Pedro Du Bois, inédito)
Preenchido
o círculo das respostas
se dilata em novas questões:
absorvido em questões menores
de saber a hora de ir embora
prescinde das perguntas
enredadas em florestas
de petrificação: voa
na resposta inalcançável
do esquecimento: última
questão transposta ao círculo
a vida se completa
na necessidade do saber
sobre o absurdo: a morte
preenche o círculo
constraído em estática.
(Pedro Du Bois, inédito)
Nas horas com que pinto
traços escondo escombros
preso ao traçado abomino mensagens
na realização da idealização dos laços
com a mão com que aciono cadafalsos
escondo as sombras dos sábados
no altar ofereço a voz do sacerdote
desmoronado sob escombros
com as formas com que me deformo
retoco a imagem ilusória da vivenda
dou ao estertor o nojo da batalha
recolhido na mortalha onde escondo
o ricto infeliz da face: farsa com que
me acostumo em ruas intransitáveis
o reboco sobre letras grafitadas
encobrem o final do capítulo
deposto em armas esquecidas
na futilidade inútil do caminho.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por Nestor Lampros | 1/04/2013 06:34:00 PM em | comentários (0)
Aponto na mesa
o começo: inicio
a refeição
que o corpo
alimentado esquece
a dor e a morte
aposto minha
mesa no nada
alimentado
pela dor elevada
à potência inicial.
(Pedro Du Bois, inédito)