última e duradoura estrela imaginada
em telescópios sobre montanhas
secas de paisagens inimagináveis
traz a luz distante
fria
cortante
instala a graça de se fazer última
no refletir sua luz irritante ao nos avivar
na discussão estéril da origem e do trajeto
da beleza pelo éter: eternizado espaço
anterior ao antes e depois de quando
organismo queimando suas entranhas
expele seu corpo em gases iluminados
de milênios sobre o vazio
a imaginação capta a estrela vaga
em nosso mundo e faz do sonho
o trajeto desacompanhado
na última luz.
(Pedro Du Bois, inédito)
quando o sentir
sensibiliza
o olho
cristalizado
da serpente
hora do bote
na presa
subjugada
instante
em que a dor
penitencia
o corpo
(Pedro Du Bois, inédito)
Infiel a lança
atravessada na estopa
que guarda a imagem
desbotada de quem acredita
crédito concedido à desconfiança
na voz do cantor de amenidades
a lança na mão do infiel
guarda a distância: se distancia
em circunstâncias esvaziadas
de alegrias
concede ao infiel a lança
do espírito aguardado
na mentalização do corpo
enxugado de veleidades
e críticas.
(Pedro Du Bois, inédito)
A insensibilidade com que seus olhos
olham
a frieza do toque que nos retoques
da obra
obram
a distância maior das consequências
anteriores
em antigos modos de dizer que agora
antes
depois
a sensação perdida se avoluma
destruindo a estrada ultrapassada
cansada
cansativa
na maneira primeira e única
da via obstruída.
(Pedro Du Bois, inédito)