O canto ultrapassa a musa
além
o espaço
ávido em sons
distantes
busca no vazio
o intermediário gesto
de despedida
o som integra a dispersão: na fragmentação
o tom se revela além da musa: história
entre iguais dissociados dos fatos.
Risadas cobrem as palavras.
A musa ultrapassada em beleza
e subserviência despenca escada
abaixo: baixos tons de lamento.
(Pedro Du Bois, inédito)
Não interessa ao corpo em movimento
a força abrutalhada do ânimo
no sentimento dos desencontros
nada vale a palavra em contextos
de poemas inalcançáveis nas canções
amadurecidas em rimas e ritmos
não me comove o cheiro doentio
dos perfumes exalados em flores
não me admiro em espelhos convexos
sobre altas janelas de aviões em voos
apenas olho o entardecer pela janela
fixada na dúvida irresolvível da matéria
as cores aparentes me bastam.
(Pedro Du Bois, inédito)
No entanto
acordo
desperto corpo
levanto e saio
no espaço descoberto
volto e sento
busco no sustento
o alimento da confluência
entre a vontade e a fome
bebo no líquido o gosto
com que tormentas se amplificam
descarto doenças
na purificação do corpo
e olho quem me acompanha
na identificação da vida
deito e durmo o turbilhão
dos sonhos: na madrugada desperto
questões remanescentes.
(Pedro Du Bois, inédito)