gratuito exemplar exposto
na banca de revistas
pagamento a partir
da segunda remessa
desejo despertado
em horas de promessas
antes do desjejum sexual
de impolutos seres engravatados
a gratuidade cede espaço
ao desinteressado fato
absorvido na manchete
a exposição barateia custos
de impressão e entrega
(Pedro Du Bois, inédito)
na terra
onde se aprendem
amarras o contato foge
ao abraço
medeia esforços na noite
desprotegida e nua das esperas
desperta a flor nascida
no instante impreciso
da passagem
sabe instalar o alarme
anunciado na terra incontida
em vasos aprumados
nas sacadas
na terra onde apreendidas
amarras sobrepostas ao corpo
inconfesso dos lamentos
tem a luz e obscurece o tempo
atípico dos amantes
(Pedro Du Bois, inédito)
carrego cicatrizes
sob a pele
agastada: luzes
atravessadas na paciência
experimentada na separação
da vida amortecida em mortes
desconsideradas
onde me situo incólume
: no afligir do corpo
despontam marcas
escurecidas da virtude
abandonada no pagamento
necessário aos fatos
retiro o onde
e me habito
em essência
(Pedro Du Bois, inédito)
Na imprecisão do instante
soube
do futuro
descortinado
- janelas alteram
o sentido do quarto
no espaço devassado -
e nas entrelinhas
li
o futuro
decomposto
- portas precisam
permanecer abertas
pelo lado de fora -
no piscar dos olhos
esqueci
o futuro
descabido
- na cama repousa o corpo
e ao lado o outro corpo
descoberto.
(Pedro Du Bois, inédito)