MINHAS CENTELHAS
SOBRE A CIDADE
Como se os olhos fossem
máquinas que empunham sombras,
Cheias de paz, nas redobras do espaço-tempo,
À força de uma água boa de beber
E na altitude estranha dos desertos em chamas,
O sol, crucificando
vozes, desvendam nossas camadas na cidade,
Revelando a visão das últimas sandálias do meu centro
permanente.
Na minha igreja do
rosário amarelo arrematado, fortificando um amigo
Mais do que idealista −
o Osnírico, o visionário – vivo e envolto em chuvas,
Refundando minhas invisibilidades, na minha última ceia,
primeira.
Vejo minha mãe cozendo calendas em sua casa, nas
efemérides, sob olhares
Vagos e presentes de Yndiara Rosa Macedo e Thais Helena,
Nos mais longos trajetos na escalada do raro progresso
feminino,
E são asas contristadas de forma mágica em encontros vitais.
Na contestação exata destes hospitais insanos
Desalmados, na sua procura atibaiense,
Dr Maurício, nosso amigo, ainda me conclamaria às doses de
Olanzapina,
E as subprefeituras descobririam nessa minha imagem opaca,
Ao me escavarem, apresentando-me os dias e todas as noites
dissidentes.
E para aferirem
flores, morangos, bom odoris, Isumis
- Bastará plantar os meus contornos citadinos autodançantes,
Em Gersey Pinheiro, em Lukas Lampros, e José e João, na
arte
Desenvolta indo além de sonhos, senhas, formas − em
paisagens−,
Sem que isso nos desatem em nos constranger, ao menos,
Em reconhecer, depois dos chuviscos tristes dos Congos e
das Congadas,
Nos tempos vindouros em sistemas nervosos, os colapsos.
De chuvas de pedras britadas, corpóreas nos lares de nossas
serenidades,
A encantação dessa nossa cidade nos poros em desilusões transparentes.
Nestor Lampros, inédito