mais nada
depois me perturba
nem essa chuva incansável
nem o sol que virá rasgando.
Resultados
avançam prognósticos
sobre certas verdades
e as derrubam
em sopros
de fracos ventos
esperanças diagramadas
em espectros infantis
de complascências
hirtas em galhos
secos quebradiços
nos outonos
onde frios
se apresentam
sepultando
ilusões primeiras.
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Volume III, fragmento)
Enquanto agonizava, de pés e mãos cravados na cruz, tentava lembrar de algo que o ajudasse a suportar a dor. Pensou em Madalena e em tudo que viveram.
Sua mão
procura a minha
no meio do trajeto
o susto
e o medo
do contato
como se amizades
esfriassem as mãos
que se tocam
em confidências.
(Pedro Du Bois, AS MÃOS EM CENA)
Em meio aos compactos arbustos verde-musgo, destacava-se apenas uma rosa vermelha. Arrancaram-na brutalmente. Na palma da mão, mais parecia um coração palpitante. Um punho cerrado impeliu contra ela toda a sua força. Sangue correu pelo vão dos dedos. Não atentara para os espinhos.
15
A casa escuta a voz do dono. Protege
a entonação e o verbo. Palavras dialogam
entre portas e janelas. Versos fogem ao contato
e números se nivelam no cálculo orignal
da construção. Alto e bom som reverbera segredos
e amplifica oráculos. Conta sua história em sucessivas
pinturas e sofre a substituição das aberturas: antigas
companheiras de estanques jornadas: netos e netas
recebidos na ilusão dos dias. A casa fala
sobre as semelhanças entre seus pares.
(Pedro Du Bois, A CONCRETUDE DA CASA)
De mãos atadas e olhos tapados pela mão de seu próprio pai, Isaac ouviu uma voz: - Não estenda a mão sobre o teu filho e a ele não faça mal algum.
Viu o pai prestes a desferir-lhe um golpe de punhal. Perdoou-o, mas não pode mais amá-lo. Sempre pensara que o amor do pai era incondicional.
Deus sentiu-se culpado, mas transferiu a culpa a Abraão.
Verde
tenra
folha
louro
da vitória
amarelecida
seca
temperada
vida
seguida
em lembranças.
(Pedro Du Bois, A INCERTEZA DA VIDA)
Cristão fervoroso, sempre sonhara em ver a Capela Sixtina de perto. Não poupou esforços. Após anos de economia, foi ao Vaticano. Ao contemplá-la, desconverteu-se. Viu Deus de cabelos e barba grisalhos. Os traços vincados. O próprio Deus, combalido pelo tempo.
III
A solidão é destino
sem resíduos
resquícios
que envolvam o espírito
em restantes pensamentos
menores: o diariamente
não retorna em companhias
e lembranças.
(Pedro Du Bois, A ILUSÃO DOS FATOS)
Obrigada pelo convite
Por Rhosana Dalle | 12/02/2009 10:48:00 AM em Pindamonhangaba, Rhosana Dalle | comentários (0)
Olá Poeta!
Enfim consegui acessar o blog e postar algo.
Primeiramente quero agradecer-lhe pelo espaço e dizer que sinto-me muito honrada.
Eis algo que diz um pouquinho da minha alma...
Um grande abraço!
ESPERANÇA
No meu dia, semana, mês e ano,
Quero o supremo tempero do inesperado,
A emoção da surpresa, a sensação de esperança.
Esperança, por sua tonicidade:
É paroxítona, desacentuada na penúltima tônica sílaba.
Esperança, por sua tonalidade:
É verdejante.
No verde clarinho da erva-doce,
No doce caminho da erva erva-mate,
Na falta que faz o carinho...
Surge o verde-escuro sombra da erva - daninha.
Esperança dita por melodia, ou por palavras quentes, mornas ou até frias,
Que preenchem de mais esperança meu dia,
Viajo ao Norte onde o sol é forte,
Derreto o som,
Que deságua no rio e desce o Vale devagarzinho.
Sem o som ou o tom verdinho, não tem esperança,
E sem esperança ninguém viaja.
O tempo passa de graça, sem graça!
Esperando esperança no outro dia;
Forte, rica, bendita,
Que leva e traz à boa-nova, à boa-vida, à boa-sorte.
Esperança: Verde -Jade, Esmeralda no lugar da morte!
Pindamonhangaba, 04 Novembro 2008.................... Rhosana Dalle.
Lúcifer andava cabisbaixo pelo paraíso. O Senhor perguntou-lhe:
- Por que padeces?
- Pai, tenho sofrido muito. Não tenho vocação para anjo. Liberte-me desta incumbência. Envie-me para a terra.
O senhor negou o pedido. Na primeira oportunidade, Lúcifer fugiu.
A primeira flor
crisântemo
(quatro e noventa o vaso)
sul nascente
luz solar
esquece a imobilidade
retorce o caule
balança o cabo
em flor
falta água
falta água
falta água
seca e morre
antes do que nós.
(Pedro Du Bois, FLORES & FRUTOS)
...
cada amor desperta memórias de passados
corpos entrelaçados e a comparação se faz agente
sutil e inocente em expiações e culpas
as distâncias são corretas em suas medidas
ouve o sussurro e se espanta com a velocidade
da palavra trazida ao erro intercalado
em verdades sobre ruas inalcançáveis
de aparatos e perdidas vidas esperam
a mão que as alcancem em glórias
e olhos marejados em lágrimas
de após guerras
...
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. IV, fragmento)
Quando jovem, atéia destemida. Após inúmeros louvores à vida, foi-se o vigor. Em seu lugar, um buraco que a fé logo tratou de tapar. Aprendeu todas as rezas e, de terço em mãos, entrou na terceira idade.
Por Cláudio Costa | 11/27/2009 09:41:00 AM em | comentários (0)
AOS 40
Procuro meu analista.
A vida começa para o desviver.
LÁPIDE DE UM ACOMODADO
Aqui...descanso em paz.
INIMIGO
Resoluto respiro fundo e me levanto.
Não há culpados.
Só há eu.
O RESTO É HISTÓRIA
Depois de morder a maçã, ela comeu os sete anões. Sem o
príncipe...viveram felizes para sempre.
FIM DE BAILE
No outro dia, Encantado percorre as ruas da cidade com uma prótese de
silicone nas mãos.
NA TORRE
Cansada de esperar, enrolou os pentelhos no pescoço e saltou.
No corpo um bilhete:
Não existem príncipes
O MOÇO TECELÃO
Primeiro aumentou o pênis.
Depois teceu carros, dinheiro, casas e mulheres.
Cansado de tudo isto, teceu mais cinco centímetros…
Por Cláudio Costa | 11/24/2009 09:38:00 AM em | comentários (0)
BANDEIRA
Eu contenho a morte.
HUMILDADE
Rasguem os verbos conjugados em primeira pessoa.
CAIXINHA DE MÚSICA
- Mãe, eu quero uma.
- Que linda a minha filha. Qual delas?
- Aquela que dança Crew.
- …
INDECISÃO
.
MONÓLOGO INCONTÍNUO
Em frente ao espelho levanto a minha cabeça.
Não tenho plateia.
NARCISO
Olhe nos meus olhos e se deixe.
FALO
Ambíguo
Meu
Falo
Sem controle ora cala
Ora
Grita.
CAIM
Á Deus. Corto meu umbigo e jogo por terra.
CAMPANÁRIO
Natimorto
No
Amor
Vou
Sofrendo.
...
há o tempo de olhar para fora
e ver a igualdade espalhada
sobre as calçadas: pragas
consumem fragmentos encontrados
restos deixados nos meio-fios
coisas descartáveis
no primeiro uso: olhares e gestos
...
(Pedro Du Bois, POETA EM OBRAS, Vol. IX, fragmento)
Jesus terminava sua jornada. Quarenta dias e quarenta noites no deserto. O Diabo apiedou-se e ofereceu-lhe um pedaço de pão. Atônito, Jesus respondeu: - Ando a caminhar por estas paragens há dias e é pão que me ofereces? Nem só de pão de vive o homem.
O Diabo virou de costas e foi-se embora.
Vendeu tudo o que tinha. Até mesmo o par de alianças. Doou à igreja, na esperança de ver o marido curado. Meses depois, faleceu. O pastor confortou-a.
- Ele está na glória de Deus... Essa era a vontade Dele... Somos pequenos demais para entender Seus desígnios... Foi um homem muito distinto, sua generosidade não era deste mundo...
Tinha quinze anos. Entre as amigas, a única virgem. Apelidaram-na Maria. Ao longo dos anos, caiu na vida. Ganhou um sobrenome: Madalena.
39
Falo do retorno dos pássaros
no passar do tempo
e no que a vida
se repete
falo as mesmas palavras de outras épocas
e das políticas dos fuxicos das mentiras
com que os mais velhos se recusam a ceder
os lugares ocupados: o mesmo pé na estrada
insondável dos desconhecimentos
falo da penumbra caindo sobre as casas
na tardia morte: a noite rejuvenesce
no que esconde: sou palavras inauditas
quando lembro a deslembrança
escondendo os dias de hoje
falo do horror do encontro sujeito
ao que interfere: notícias não trazem
a verdade procurada: mera referência.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. II)
Por Cláudio Costa | 11/17/2009 11:20:00 AM em | comentários (0)
LUZ DEL FUEGO
Banguela, a jiboia ainda sorri, ao lembrar da juventude.
DESESPERO
Com tantas portas pela frente, não teve saída.
Jogou o molho no pão.
NOIVENA
Na última noite dormiu agarrada ao santinho.
Quando acordou, chorou como Jó, ao ver que ele era oco.
DIVÃ
Nua atende os pacientes.
Em segundos, eles desabafam.
GARATUJA
Morde a ponta do lápis.
Enxuga os olhos no papel.
Era para ser um coração.
SOLIDÃO
Trim...Trim...Triatendedesesperada
...engano
PARTIDA
O olhar não escuta o som do adeus.
Pum...
DISTÂNCIA
È enorme.
NO FREE SHOP – 2009
-Fala presidente
-
RESOLVIDA
- Chupa?
- Sim.
- Dois de?
- Vulva.
COISA RUIM
Ele é assim mesmo.
Quando nasceu, deu o maior trabalho.
EFIZEMA
Parabéns pra você….
……é pique, é hora, Ra tim BUM.
………………
Alta madrugada. O Papa acorda com o coração na boca. Tivera um pesadelo no qual era Deus. Senta-se à beira do leito, limpa o suor da fronte, o peito arfando. A sua frente, um espelho... Olha, vê Deus.
Sempre repugnou a ciência e exaltou a fé. Adoeceu, não foi à igreja, mas ao médico. Antes de dormir, rogava a Deus para que abençoasse aqueles comprimidos. Deus, ressentido, não lhe deu ouvidos.
se queríamos o jardim florido
Academus
como nos descuidamos
dos trabalhos necessários
da rega diária
de arrancar o inço
das escoras dos caules
mais frágeis
sobre a grama
meninos jogam bola
com a garrafa de plástico
apenas o não pise a grama
resolveria o problema
do nosso jardim?
(Pedro Du Bois, DAS DISTÂNCIAS PERMANENTES)
Aprendeu a ler num átimo. Desde então passou a devorar livros. Ao se deparar com a palavra diálogo, estremeceu. O medo de pronunciar diabo o impediu de seguir adiante.
Quis vender a alma ao Diabo. No entanto, desistiu. Não conseguiu encontrá-lo. Indignado, decidiu se entregar a Deus. Atirou-se de um penhasco.
Felicidade é tão rara
rarefeita
feita de prazeres sutis, efêmeros.
Felicidade é quietude
tudo imponderável
estável por instantes.
Felicidade é tão clara
rara, estreita
feita de quase, só.
No ponto de ônibus, dois cristãos. Assento, apenas um. Ambos pensaram: “Ame o próximo como a si mesmo”. Um deles então disse: “Pode se sentar”. O outro prontamente respondeu: “Faço questão que você se sente”. O ônibus passou e eles passaram a eternidade oferecendo um ao outro o assento.
Andava sempre com a cabeça nas nuvens. Um dia, tropeçou em uma pedra e arrebentou o dedo. Além da dor, o sangue saltou-lhe aos olhos. Desde então, passou a andar com a cabeça nos pés.
Ela vinha de longe, entoada pelo vento, multicolorida, serpenteando, rasgando o céu e causando fascínio nos olhos dos meninos. Um deles saiu em disparada e ali na frente, na esquina, foi esmagado pelo caminhão-pipa.
Não espero
aguardo que aconteçam
na hora certa.
Faço a hora:
abstraio o Vandré.
Espero
não aguardo que aconteçam
na hora incerta.
Não espero acontecer:
de novo o Vandré.
A culpa me aguarda
quando perco
a hora da espera.
(Pedro Du Bois, AS PESSOAS NOMINADAS)
tenho corrido riscos
tenho parado pra pensar
tenho feito, segurado ansiedades.
tenho aceito, afastado liberdades.
CHEGADA A MIM MESMO
Por Unknown | 11/02/2009 11:35:00 PM em Adams Alpes, Caçapava, Crônicas | comentários (0)
Em um sábado fui à Big Apple brasuca. Perdi-me. Encontrei-me e perdi-me novamente. A cidade me fascina ao mesmo tempo em que me assusta. Não sou eu quem passa por São Paulo. Eu apenas corto e costuro os vários tecidos vindos de todo os lugares do mundo e que desembocam e constroem suas teias na cidade. Eu não falo o R do paulista. Tenho o R do caipira, mas, ainda assim, admiro a magnitude que essa floresta de concreto exerce sobre mim.
No caminho ao município infestado com casas erguidas como varais, durmo enquanto não me encontro nos braços dos faróis, árvores, paredes, prédios e tantos outros limites da cidade que não dorme e que me acolhe friamente. E fria, a mente me tortura com imagens que me levam aos campos e descampados onde eu andava descalço nos tempos de peralta, mas que tive de abandonar para vestir sapatos de couro e all star. Tive que me reeducar, refazer a barba e o cabelo. Hoje, o passado não define quem sou e o futuro também não me mostra o que serei.
Dessa maneira, sou mais um sem rosto que chega à Avenida Paulista, mas que assume a única identidade que me resta incorporar: a de um turista de mim mesmo, a de um sujeito desterritorializado de seu mundo encantado pela Emília, pelo Saci-Pererê, pelos animais falantes, reis e magos.
Vejo nos beirais dos poucos sobrados vivos
Olhos antigos que observam meus passos
Querem caminhar comigo
E conhecer diferentes ventos e pássaros
Não sabem os olhos seculares dos poucos sobrados vivos
Que nada há de novo na melodia dos ventos
E nem pássaros, para onde eu sigo.
Tonho França
Tarde de Autógrafos
Por Fabiano Fernandes Garcez | 10/29/2009 03:20:00 PM em Fabiano Fernandes Garcez | comentários (0)
A Livraria Café e Cultura convida você para a Noite de Autógrafos dos livros Baque e Cinco lugares de Fúria, com os autores Fábio Weintraub e Pádua Fernandes respectivamente, no dia 31/10/2009, às 17h, entrada franca.
Em 'Cinco lugares da fúria', o poeta Pádua Fernandes apresenta as etapas de um périplo anticidadania. De um mundo traficante de exílios, passando pelo cadáver insepulto de imigrantes clandestinos mortos no deserto, por zonas de classe média onde pedintes são assassinados, entre outros lugares, chega-se ao aborto do espaço público. Por tais regiões inóspitas, que convergem para a distopia, o poeta transita.
Pádua Fernandes. Nascido no Rio de Janeiro em 1971, vive em São Paulo, onde é professor universitário. Foi colaborador da extinta revista portuguesa de cultura Ciberkiosk e integra o conselho editorial das revistas Jandira (Juiz de Fora) e Cacto (São Paulo). É autor de O Palco e o Mundo, poesia (Lisboa, Edições Culturais do Subterrâneo, 2002) e é organizador e autor do posfácio da antologia de Alberto Pimenta, A Encomenda do Silêncio (São Paulo, Odradek Editorial, 2004).
Em baque, Weintraub radicaliza a poética de seu livro anterior, Novo endereço (2002), abrindo mão de nomear sua paisagem íntima para dar voz a uma outra intimidade: a de prostitutas, motoboys, doentes, ex-modelos, mendigos, idosos, entre outros seres que vagam entregues à própria sorte. Por meio de uma escolha muito precisa de imagens, ritmos, dicções, estes versos cristalizam — no melhor sentido da palavra - a experiência do espaço social degradado de uma grande metrópole.
Nesse sentido, "Fotografia" parece ser um poema emblemático do livro: "De cócoras/ como quem ora/ ou pragueja/ sob a marquise/ a mulher// Oculta/ pelos caixotes/ embriagada/ entre sobras de repolho// Pela calçada em declive/ cachorros lambem o chorume// Penso na foto/ franzindo a testa// solidário/ imprestável". Pois é exatamente dessa "inútil" solidariedade que parecem nascer os versos de Weintraub, em cuja linguagem límpida e exata o grotesco aflora — veja-se o assombroso "Transplante" — como expressão contemporânea da subjetividade
Fabio Weintraub nasceu em São Paulo, em 1967. Psicólogo pelo Instituto de Psicologia da USP, com formação em psicanálise, atualmente cursa o mestrado em Teoria Literária na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma universidade. Publicou os livros de poemas Sistema de erros (1996), vencedor do prêmio Nascente em 1994, e Novo endereço (2002), que recebeu os prêmios Cidade de Juiz de Fora, em 2001, e Casa de las Américas, em 2003. Trabalha como editor em São Paulo.
Livraria Café & Cultura
Av. Dr. Renato de Andrade Maia, 765 – Parque Renato Maia – Guarulhos – SP.
11 2229-0376
Santa Terra
Por Tonho França | 10/27/2009 10:08:00 PM em Guaratinguetá, Poesias, Tonho França | comentários (1)
Semeada de homens
florida de lápides
ARMAZÉM DAS PALAVRAS
Por Pedro Du Bois | 10/24/2009 07:02:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
a voz se cala
no discurso feito
o efeito
silencia
a plateia
o espanto
na plateia
alguém ergue o corpo
e pergunta
sobre a possibilidade
de o discurso ser refeito
com a inclusão de lendas e mitos
fadas e gnomos
mulas-sem-cabeças
a voz se cala.
(Pedro Du Bois, ARMAZÉM DAS PALAVRAS)
(DES)TEMPO
Por Pedro Du Bois | 10/22/2009 09:21:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Na verdade
o tempo
passa
em silêncio
aproveita o vácuo
da linguagem
e avança
leva os corpos
menos os de alguns pássaros
migratórios
voam e gritam verdades
em contrário senso.
(Pedro Du Bois, (DES)TEMPO)
Nada, nada
Por JURA | 10/22/2009 06:09:00 PM em Cachoeira Paulista, Jurandir Rodrigues | comentários (0)
nada, nada
como fim de tarde
depois da lida
fim de tarde , tarde que finda
o quintal e a figueira.
Borboletas
Por Tonho França | 10/21/2009 11:54:00 PM em Guaratinguetá, Poesias, Tonho França | comentários (1)
No ramo de alecrim
reluz o poente entre
matizes de saudade vermelho-carmim
Tonho França
Beatriz
Por Tonho França | 10/19/2009 11:52:00 PM em Guaratinguetá, Poesias, Tonho França | comentários (1)
A face calma e secular cheirava a cais e especiarias
Seu olhar pairava sobre todas as rotas e mundos
E era em seu lábio que os ventos vinham aprender as diversas canções.
Todos a chamavam Beatriz
De seu ventre parira o universo entre rosas azul-desejo
E fez-se mãe de todos os deuses e deusas
Mitos e crenças, rituais e profecias...
E era na pausa das chuvas que tecia as noites e os dias.
O seio claro alimentava os meridianos,
Os demônios que nasciam das águas
E homens de chapéu e terno de outras gerações
eram longos os dedos de Beatriz,
e na palma de sua mão
guardava o céu e uma caixa de fetos
caminhava sobre as constelações com passos antigos e cansados
vestida de branco, com flores de anjos no cabelo
descia ao céu de tempo em tempo
com ramos de luzes e anis
desde o início e por todo o sempre
todos a chamavam Beatriz
em silêncio...
Beatriz.
Tonho França.
Por JURA | 10/19/2009 06:16:00 PM em Cachoeira Paulista, Jurandir Rodrigues | comentários (1)
Tenho olhado o tempo, como quem olha um painel de memórias. Minhas observações ora me surpreendem , ora me aliviam.
Tenho olhado o tempo, como faço café pra amigos em tardes de domingo
Cada um tem o ídolo que merece
Por Fabiano Fernandes Garcez | 10/14/2009 03:04:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Lembro-me sempre dos versos de Cazuza: Meus heróis morreram de overdose... Os meus nem todos morreram assim, uns sim, outros morreram de mortes naturais, outros foram assassinados e outros de causas diversas, porém muitos ainda vivem.
Um dos que já faleceram, me marcou muito, com sua música, com seus versos e, principalmente, por perguntar a todos que conhecia que livros ele estava lendo, não sei o porquê, mas isso influenciou muito minha juventude, pois se a leitura é importante para o Renato Russo ao ponto de ser a primeira informação a querer saber de alguém, deveria ser importante para mim e eu que sempre li muito, passei a ler mais ainda.
Isso é passado, Renato Russo e Cazuza foram ídolos do passado, hoje os tempos mudaram, Talvez a primeira coisa a se saber de alguém é onde ele malha, onde faz lipo, onde se brônzea e por aí vai. Os novos ídolos são mais preocupados com a beleza estética do que a beleza intelectual.
Um fato acontecido nos faz pensar, os que ainda pensam, em um dos seus programas de televisão, vi pelo CQC em seu TOP 5, Silvio Santos perguntava a Carla Perez uma palavra a respeito do Alasca e ela disse: praia. Isso gerou até uma brincadeirinha do dono do baú, mas ela não parou por aí, depois associou Baco a barco e grande canal ao rio Tietê, só lembrando que a moça é a mesma que em outro programa pergunta a uma telespectadora se a letra era I de escola, depois ela ainda fala se era E de isqueiro.
Ela continua ser uma moça de glúteos grandes e bonitos, será que só isso é suficiente para ser um ídolo brasileiro? Cada um, ou cada povo tem o ídolo que merece!
A CONCRETUDE DA CASA
Por Pedro Du Bois | 10/11/2009 08:28:00 AM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (1)
3
A casa ouve o pedido: o instante
do desespero em descobertas. Tempos
de reformas e crescimentos. A peça
se apequena; o espaço parco:
divisão injusta ao aflorado. No jardim
flores perdidas em viço e a árvore cortada.
A terra resseca seu tempero, o fruto
cessa o amadurecimento.
A hora chegada da partida,
ir embora - sem retorno.
(Pedro Du Bois, A CONCRETUDE DA CASA, inédito)
Olho por olho, dente por dente
Por Eryck Magalhães | 10/09/2009 01:11:00 AM em Eryck Magalhães, Guaratinguetá, Poesias | comentários (1)
Ele, cego de um olho. Ela, toda banguela. De inveja, ele furou o olho dela e ela arrancou-lhe um a um os dentes. E foram felizes para sempre.
2016: A olimpíada do Lula!
Por Fabiano Fernandes Garcez | 10/07/2009 02:19:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Quer queiram os críticos ou não, o Rio venceu Madri, Tóquio e Chicago na disputa pela Olimpíada de 2016. A quem devemos creditar essa vitória? A Lula, claro.
Apesar de ser muito criticado pela imprensa tupiniquim e também, pelo Zé Povinho, que muitas vezes repete que ouve na televisão sem saber o que está falando, Lula é um líder respeitadíssimo fora do Brasil e transmite muita confiança para outros líderes e, principalmente, para instituições internacionais, não é por acaso que Obama se referiu a ele como: O cara! Não tenho como garantir, mas se fosse outro presidente, o Brasil não sediaria nem a Copa de 2014, mesmo sendo o país do futebol.
Alguns críticos estão dizendo que com os problemas que o Brasil tem, não deveria gastar milhões com os jogos olímpicos, porém se até agora nunca houve uma olimpíada, por que ainda temos esses problemas? A real questão é que esses críticos elitistas preconceituosos, não conseguem suportar a ideia de que um brasileiro, nordestino, sem um dedo, que escorrega na concordância verbal e agora deu para enfiar “ou seja” em toda frase , conseguiu fazer justiça social no mundo! Coisa que nenhum sociólogo afrancesado da USP fez! É a primeira olimpíada na América do Sul!
Não votei no Lula e encontro inúmeros defeitos em seu governo, mas é inegável que é um grande estadista. E para utilizar metáforas lulantes, o Rio de Janeiro deve fazer como aquelas mulheres que são lindas por natureza, mas estavam um pouco desleixadas, sem auto-estima e apanhando dos maridos fazem quando são convidadas para ir a um casamento. Vão a um salão de beleza, passam o dia todo lá e chegam ao Buffet deslumbrantes, depois vão pagando as parcelas do cartão de crédito ou os cheques pré, se der!
O PRIMEIRO EXERCÍCIO
Por Pedro Du Bois | 10/04/2009 09:03:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
1
O primeiro exercício: retirar da indecisão
a miséria com que completa a cena, o descalabro
de se saber vencedor. Ter sido vencido
no primeiro assalto, ter sido o assaltante
atrás da máscara, a máscara anteposta à resposta
exercitar a palavra em discursos
inúteis
estéreis
ao último aplauso
evitar o exercício da seriedade e se declarar insano
ao tirano que exige seus movimentos: o ser parado
na entrada estende a mão
suplica
invoca mitos
em detalhes
reveladores: o primeiro
exercício é a certeza
da coisa feita.
(Pedro Du Bois, O PRIMEIRO EXERCÍCIO, inédito)
Vamos colocar os políticos no paredão?
Por Fabiano Fernandes Garcez | 9/30/2009 02:56:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
No mês passado escrevi uma crônica sobre os Realities Shows e ao final sugeri que se utilizasse com os nossos políticos, o mesmo processo de eliminação dos concorrentes, motivado pelas denúncias contra nosso El Bigodon, José Sarney. Não é que isso pode ser verdade?
Tramita na Câmara, já aprovada pelo Senado, o Recall Eleitoral, que é submeter os mandatos políticos de parlamentares ou chefes do poder executivo a um referendo para o eleitorado decidir se os mantêm ou não. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), com o apoio da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) faz campanha em seu site para a aprovação da Proposta de Emenda Constituicional 73/2005, percebe-se pela data, que minha crônica foi posterior a sua criação.
Funcionaria desta forma: O referendo pode ser convocado com um pedido de 2% do eleitorado nacional, após, pelo menos, um ano do mandato, com isso a população poderia revogar e substituir os mandatos de vereadores, deputados e senadores, bem como de prefeito, governador e presidente da República. Assim a população não precisaria esperar até a próxima eleição para retirar do poder os corruptos e toda a corja de péssimos políticos que temos.
O Recall pode ser uma grande novidade por aqui, mas é muito antigo, o primeiro aconteceu em 1903 em Los Angeles, EUA. Os contrários a essa medida argumentam que não é justo com os mandatários, por não dar tempo suficiente, e de direito adquirido, para o exercício das funções e a chance de recuperação e reparação de alguns deslizes como inoperância ou incompetência.
Resta saber se um telespectador de reality show, que não sabe escolher um candidato e, pior ainda, nem se lembra dos parlamentares em quem votou, estará preparado para a eliminação.
O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS
Por Pedro Du Bois | 9/28/2009 08:27:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
1.
...
Habita seu mundo interior, não será encontrado.
O dia multiplicado em haveres: sonhos irrealizados
cobram substância: cores e o ar da montanha.
O branco e o negro toldam a vista: não verá após
o bastante da coragem consumida na oração final.
...
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS,
Vol. I, fragmento)
O COLETOR DE RUÍNAS
Por Pedro Du Bois | 9/24/2009 10:20:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
A civilização anterior
ao tempo
das contagens: recoberta em terras
e matas recebe a mão atual
que lhe descerra a vida
(a casa, o solo, o resto de comida,
a petrificação da face encoberta)
o instrumento da caça
o trabalho
o utensílio dentro de casa
(não há a palavra dita e a escuta
desenha paredes apagadas)
a mão cata o resto
e o ensaca - a tarja
identifica local e data.
(Pedro Du Bois, O COLETOR DE RUÍNAS, 1)
A unanimidade comercial
Por Fabiano Fernandes Garcez | 9/23/2009 08:43:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Existem algumas normas, que não estão escritas em lugar algum. Fui a uma pizzaria nesse fim de semana e a televisão estava ligada na rede globo, (escrevo assim mesmo no minúsculo!) ninguém a assistia, estava para as paredes, porém na rede globo. Por quê? Porque existe a regra que “todos” assistem a essa emissora, mesmo quem a detesta, como eu.
Você já ouviu alguém falando que se não for coca-cola não é refrigerante? Garanto que sim. Baseado nesta “norma” a coca-cola fez uma série de anúncios contra os refrigerantes mais baratos de pequenas empresas, por ela, chamado de refrigereco.
Esses dois exemplos são apenas ilustrativos, não vou ficar fazendo propaganda para essas nem outras empresas, pois o espaço desta crônica não é para isso, o leitor mais atento perceberá que de propaganda aqui não tem nada, mas há um ditado que diz: Fale mal, mas fale de mim. Para isso é utilizado o axioma: Se todos falam de um determinado produto, logo ele se torna conhecido e se tornando conhecido, é bom. Com isso cria-se o padrão, e tudo que não foge: Não é bom, claro!
De onde tiramos isso? Dos Slogans criados nas agências de propagandas, que pregam conceitos exclusivistas e, por vezes preconceituosos. E infestam toda mídia. O apelo à unanimidade, que referenda a qualidade (segundo esses slogans), não se restringe a apenas produtos, mas a tudo que é comerciável, como programas de televisão, (Você não assiste a novela? Não acredito!) cantores e bandas, (Você não gosta do Calipso?) inclusive as pessoas, (aqueles populares dos filmes americanos e nossos Big Brothers).
É sempre bom lembrar de que a pluralidade é muito bem vinda em todos os lugares e situações, até na área comercial e, também, da famosa frase de Nelson Rodrigues: Toda unanimidade é burra!
PAREDES
Por Pedro Du Bois | 9/22/2009 08:38:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
...
culmina o pecado em ações concatenadas
de futuros assoberbados em castigos
nas inúmeras cenas gravadas
ao mesmo tempo
...
(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. V, fragmento)
A LEVEZA DO TRAÇO
Por Pedro Du Bois | 9/21/2009 09:44:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Traço abstrato,
impressionista, cubista,
dadaísta, minimalista,
a certeza da mão firme
realizando o desenho,
fotográfico.
Poesia clássica,
métrica exata,
versos rimados,
a importância vista:
descoberta da condição
para libertar palavras.
Versos loucos,
rimas livres,
leves traços.
(Pedro Du Bois, A LEVEZA DO TRAÇO)
XXVIII
Por Pedro Du Bois | 9/17/2009 09:46:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Escolha cuidadosamente as palavras
lavadas
levadas à beira do estúpido
tempo
na temporalidade
em que as sujeições
perseguidas
conseguem se mostrar
inteiras
internamente revestidas
dos convencimentos
dizeres
palavras verdadeiramente escolhidas
matam as orações
terminativas
palavras são dúvidas lançadas
no encadeamento com que a música
cessa
em significados.
(Pedro Du Bois, A RECRIAÇÃO DA MÁGICA)
O preconceito poético
Por Fabiano Fernandes Garcez | 9/16/2009 04:32:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (1)
Sou poeta e grande leitor de poesia, gosto, também, de ler crítica sobre isso, mas tenho percebido, já há algum tempo, que alguns críticos estão confundindo gosto pessoal com qualidade poética, o que denuncia que a poesia ainda vive em grupos de amigos que ficam se bolinando mutuamente e pior ainda, na minha opinião, é que estão pregando a forma única, ou seja, querem que os poemas atuais sejam cópias de uns poucos já conceituados.
O linguista e professor Marcos Bagno, que é conhecido pelos seus livros que denunciam o preconceito social por meio da linguagem, não faz ideia de que esse preconceito está agora na poesia. Em algumas leituras percebo que aqueles que fazem poemas com uma linguagem mais simples e menos apurada são tachados de negligentes em relação à arte poética, o que achariam, esses críticos, dos poemas de Oswald de Andrade ou Mário Quintana se publicassem hoje?
Muitos críticos pregam o hermetismo poético, poema bom é poema ininteligível para a maioria. Eu não posso concordar, por minha militância na democratização da poesia. Democratização não é a facilitação. Não. É o convite através de uma linguagem mais simples, longe da simplória, àqueles que não têm o costume da leitura de poemas, ou usando um termo de um amigo meu: Pregar aos não convertidos. O meu sonho é que a poesia ganhe as ruas, de modo mais literal possível.
Não faço apologia à poema de má qualidade, descuidada, mas prego a diversidade de linguagem, já imaginaram as pessoas nos escritórios, nos salões de cabeleireiros, ou em qualquer outra parte conversando sobre poesia em vez de conversar sobre a novela das oito? Sonho? Se depender dos críticos sim, porque o preconceito social jamais permitirá que a poesia fosse algo popular e não de uma elite.
VERDADES E MENTIRAS
Por Pedro Du Bois | 9/13/2009 03:26:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
...
descola a realidade da tela
e a diz imprecisa
como o juízo
que se declara
suspeito
na sentença
...
(Pedro Du Bois, VERDADES E MENTIRAS, fragmento)
TEMPO CERTO
Por Pedro Du Bois | 9/11/2009 09:19:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Todas as mortes
mortes
flores secas guardadas no chão
(há o tempo certo?)
rictus face
eterniza a lembrança
esculpida na rigidez
com que se apresenta
(há o tempo certo
e não sou quem o determina).
(Pedro Du Bois, TANTAS MÁSCARAS)
AUDIÇÃO
Por Pedro Du Bois | 9/10/2009 06:24:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Afina o piano
nota por nota
em cada corda de aço
lubrifica o banco
e a engrenagem:
regula a altura do banco
dispõe as partituras
e abre a primeira
no sentido exato
sentados em volta:
olhos fechados
e ouvidos abertos
nossos pés
acompanham o ritmo.
(Pedro Du Bois, OS SENTIDOS SIGNIFICANTES)
A CRIAÇÃO ESTÉTICA
Por Pedro Du Bois | 9/09/2009 09:52:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
em Portugal:
http://www.corposeditora.com/site/coleccoes.asp?idcoleccao=29&pag=1
abraços,
Pedro.
Colocaram o bigode de molho
Por Fabiano Fernandes Garcez | 9/09/2009 06:57:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Há muito tempo venho observando que os homens de hoje não usam bigode, há homens com barba, cavanhaque, mas o bigode sozinho é raro. O bigode está em falta!
Segundo alguns etimólogos, os povos visigodos que viviam na Península Ibérica usavam uma marca registrada: seus bigodes, assim surgiu a palavra bigoth (bigode) derivação de visigoth (visigodos) e com o tempo passou a se referir a penugem abaixo de lábio, mas, se tratando de etimologia, há controvérsias.
Lembro que na minha infância meu pai conhecia inúmeros Bigodes. Assim, apelido, quase nome próprio. Olá, Bigode, com está? Ó não esquece de mandar um abraço pro Bigode! Chegou o Zé Bigode!
Alguns entraram para a história e viraram modelos de outros tantos, como do cantor Freddie Mercury, sempre bem aparado, outros não tão volumosos, como o do Hitler e do Chaplin que eram pequenos, menores que a boca, porém forma marcantes. O bigode chinês, fino e comprido é muito famoso em filmes, o que Marcel Duchamp fez no retrato da Monalisa também é. Aliás, mulher de bigode é raro, mas existe, como também o dito popular que diz que mulher de bigode nem o diabo pode!
O bigode português também foi bem popular, era espesso e levemente ondulado para cima, geralmente era acompanhado por uma caneta atrás da orelha e uma camiseta branca. Já ia me esquecendo do mais famoso bigode do senado. E o que dizer do escovão de Nietzsche, esse sim era um senhor bigode, inigualável, impunha respeito aonde chegava
Apesar de estar fora de moda, o bigode é algo curioso, pelo menos para mim, era um símbolo de virilidade. Será que são esses novos tempos que fizeram os bigodes desaparecer? Talvez porque agora não é mais necessário algo que represente a masculinidade do homem moderno.
CONFUSÕES
Por Pedro Du Bois | 9/07/2009 05:48:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
~
...
as mãos sobem pelas pernas
e do alto avista o sucesso
com que se vende
sob o olhar materno
correlato ao todo
que será abocanhado
aventuras obsoletas
nas páginas imaginadas
como novos preços
a serem divulgados
nada acontece por acaso
nos raros instantes
em que os insetos
ensejam conhecer
da carne o gosto desprezado
...
(Pedro Du Bois, POETA EM OBRAS, Vol. I, fragmento)
ESPAÇOS DESOCUPADOS
Por Pedro Du Bois | 9/06/2009 10:46:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Tenho a medida:
na inconclusa obra
reacendo a luz do término
inacabado. Desmedidas
vidas não olhadas
a distância percorrida em varas
trazem dos horrores a sutileza
da história recontada
o metro alongado no sorriso
antes de chegar à esquina
não carrego medidas desproporcionais
aos erros, busco a menor
distância entre a angústia e a calma
manhã do inverno que se retira
não meço o conhecido espaço
traço em branco o esboço
da chegada: medida.
(Pedro Du Bois, ESPAÇOS DESOCUPADOS)
CUIDADOS
Por Pedro Du Bois | 9/04/2009 05:14:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Todo cuidado
pouco
onde o cuidado
pouco
toco em seus ombros
com cuidado
porque todo cuidado
é pouco.
(Pedro Du Bois, em PEQUENOS ESCRITOS)
Por Cláudio Costa | 9/04/2009 12:35:00 PM em Cláudio Costa, Contos e Micronarrativas, Lorena | comentários (0)
ESCULTURA DO AMOR
Deitado em cima do túmulo ele chora. As flores murcham, e ele…se eterniza.
MARIA
Nasce o dia. Roupa, café, marido, filhos, casa, almoço, compras, tarefa, jantar. Marido chega. Com os olhos cansados, de penoir azul e íntimo branco, ela aprece na penumbra do quarto e diz:- Eis aqui, a serva do senhor...
PRESBINTEGRO
Acalanta as almas, acalanta as dores.Sozinho na alcova acalanta o pênis.
CALVÁRIO
Todos os dias ele chegava bêbado. Todos os dias eu apanhava. Depois vinha com chamego, me chamando de minha negrinha. Acostumei e nem chorava mais... Certa noite, a bêbada era eu. Então, martelei aquele desgraçado. No velório, com muito estilo, chorava ao lado do meu cunhado João, aos pés da minha cruz.
Jesus Mastercard est
Cansado, desceu da cruz e foi às compras.O PAI nada fez, pois Nele habitava o livre arbítrio.
TER IDO EMBORA
Por Pedro Du Bois | 9/03/2009 12:59:00 AM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Passos importantes
alguns instantes
rápidas passagens
de quem busca nos arcos
dos anos
a idade que foi embora.
Quem tinha a minha idade
antes de chegar a essa cidade?
Tenho em mente
a saudade decorrente
daquela jornada.
Quem vai embora
sempre tem histórias para contar.
(Pedro Du Bois, em REENCAMINHADO)
O significado de uma palavra pode não ser o seu significado
Por Fabiano Fernandes Garcez | 9/02/2009 05:26:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (1)
Recentemente alguém me contou a história que tinha ido ao Museu do Imigrante e, não sei o porquê, precisava consultar algo na Internet, ali mesmo, quando viu uma placa que dizia: Sala de Navegação. Não teve dúvidas, entrou, mas qual não foi a sua surpresa? A sala simulava a navegação dos navios em que os imigrantes vinham para o Brasil, longe de ser o local para navegar nos mares da rede virtual.
O significado de uma palavra pode mudar em uma determinada região ou no decorrer do tempo, um exemplo é a palavra Interessante, antes era usada exclusivamente para dizer que algo interessava por ser curioso, importante, atraente, porém, hoje, quando escutamos que algo é interessante pode ser justamente o oposto, que é razoável, apenas mediano, sem graça ou pior ainda, maçante, entediante.
O grande escritor João Guimarães Rosa, que tem um dos melhores nomes de nossa literatura, escreveu em um dos seus contos, o problema de um médico para explicar a um cangaceiro o sentido da palavra: Famigerado, dita a ele por um homem do governo. O narrador vê que o destino do pobre servidor está em suas mãos e cabe a ele escolher bem as palavras para dizer ao jagunço a real acepção da palavra, de modo que não coloque em risco a sua vida e a do maledicente.
Quase todas as palavras têm inúmeros significados, às vezes deixamos alguns de lado ou apenas nos lembramos dos mais utilizados no nosso cotidiano. Foi o caso da navegadora do museu, que esqueceu que navegar se referia ao embarcar rumo a algum lugar em um navio, contudo ao confundir o valor semântico das palavras, em linguagem de dia de semana, viajou na maionese, que é um termo muito interessante.
LIVRES
Por Pedro Du Bois | 9/01/2009 09:56:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
5
No desejo expressado
o sonho
de ter por inteiro
o mundo
como se apresenta
o abraço longo
e a demora eternizada
em nossos corpos
horas fáceis
entre ponteiros inúteis
podemos ficar juntos
e a queda se faz ao alto
de onde nos vemos
unos
somos a liberdade
na ação do verbo.
(Pedro Du Bois, em LIBERDADE)
PORTAS E VENTOS
Por Pedro Du Bois | 8/31/2009 10:37:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
No andor
a imagem
cristalizada
da divindade
em barro
como fomos feitos
no início
o povo apático
segue a passagem
da imagem
em barro
como são feitos
os futuros.
(Pedro Du Bois, em PORTAS E VENTOS)
DESPERTAR
Por Pedro Du Bois | 8/28/2009 04:47:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Vejo o pássaro
preso ao espaço
vejo-me solto
dentro de casa
a campainha desperta
prendo-me ao pássaro
o espaço não me acolhe
ao barulho das campainhas
que despertam.
(PEDRO DU BOIS, em O ESPAÇO VAZIO)
A certeza da inexistência da inspiração
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:48:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (1)
Alguns dizem que o que move o artista é a inspiração, porém diferente de muitos, sei que ela não existe. Se existisse seria fácil demais criar algo, bastava esperar sua graça para que um artefato, uma pintura, uma escultura, ou até mesmo uma crônica surjisse. Caso contrário não seria culpa sua, a inspiração é que lhe faltou, mas não é bem assim. Segundo uma frase do iluminado inventor Thomas Edison: “A genialidade é 1% inspiração e 99% de transpiração".
Comecei a escrever meu texto sobre a descriminalização da maconha na Argentina, fiz umas 180 palavras, estava horrível, parecia redação de aluno primário, então a apaguei. Depois iniciei outra sobre algo que adoro e recorro sempre quando não tenho o que escrever: As curiosidades de nossa língua. Mas não saí do primeiro parágrafo, essa não apaguei, também não corrigi os erros, sem o termor do produto inacabado, aqui está:
Já reparou, caro leitor, que nossa língua não é lógica? Existem algumas coisas interessantes que não me tiram o sono, porém me colocam em profunda reflexão. Ao analisarmos algumas expressões cotidianas, exemplo: Sabor de pizza. Como alguma coisa pode ter sabor de pizza se a pizza é um alimento de diversos sabores? Alguns poderiam dizer que é o sabor da pizza original, ou seja, molho de tomates, queijo e orégano. No entanto se ligarmos para uma pizzaria e pedirmos uma pizza, a original, logo escutaremos um: de quê?
Assunto não me falta, poderia escrever sobre a Gripe Suína, a guerra das TVs, o Senado, ou muitas outras coisas, acontece que quero escrever algo não genial, mas diferente das informações das quais somos massacrados diariamente pelos meios de comunicação de massa, contudo pela inexistência da inspiração acabei transpirando para escrever sobre minha incapacidade de criar uma crônica.
O clima louco de São Paulo
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:48:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Meu pai sempre disse que em São Paulo em um mesmo dia temos as quatro estações. Não é para tanto, mas em alguns dias devemos estar preparados para tudo, por exemplo: você deve sair de casa com uma blusa ou uma jaqueta, porém com uma camiseta leve por baixo, porque ao meio-dia vai estar um calor insuportável, lá para o final da tarde chove, por isso um guarda-chuva é importantíssimo e no início da noite esfria novamente.
Quando trabalhei em uma empresa eu ia quase todos os dias a um departamento público na Marginal Tietê, no meio da manhã, entrava no carro e deixava o terno no banco de trás, dez minutos depois, ao encontrar o trânsito e o sol, a gravata ia para o banco ao lado, arregaçava as calças até os joelhos, um pouco mais de sol e trânsito lá se iam os sapatos, depois as meias, a camisa que já estava aberta e suada nas costas ia para o banco traseiro, chegando ao local era só se vestir novamente e correr para uma sala com ar condicionado.
Às vezes o que mais me chama a atenção é a maneira bem peculiar de se vestir de alguns. Além de ver botas e chinelos caminhando juntas, pessoas de sobretudo lado a lado com outras de bermuda e camiseta, tudo no mesmo ambiente. Sem contar as combinações mais surpreendentes: camiseta sem mangas com cachecol ou touca de lã, bermuda e jaqueta e o novo acessório: óculos escuros, mesmo na chuva ou à noite.
O paulistano é tão caótico em sua vestimenta quanto o clima de sua cidade, já deve estar acostumado passar frio e calor em um só dia, por isso mesmo não deve se importar de estar ou não com a roupa adequada.
As faces do nosso INHO
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:46:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Algumas coisas na língua portuguesa são realmente interessantes, e uma delas é o diminutivo. Usamos esse recurso para indicar que algo (um substantivo) é menor que o normal, porém com o sufixo a palavra fica maior para indicar o menor, por exemplo: para a palavra MENINO ao colocar o sufixo INHO que indicará um menino menor temos uma palavra maior MENINHO.
Existem outros sufixos, não são muito comuns é verdade, mas existem, veja só como ficam: Casa, Muro, Pedra, Rio, Cão, Corpo, Diabo, Flauta e Frango: Casebre, Mureta, Pedregulho, Riacho, Canito, Corpúsculo, Diabrete, Flautim e Frangote. Lembrando que alguns sufixos chegam a mudar a palavra original, você sabia que o diminutivo de Cão pode ser também Cachorro? Isso é uma questiúncula (para quem não sabe diminutivo de questão.
Às vezes, o diminutivo nos serve para indicar afeto também. Quem já não teve o prazer de ser convidado para conhecer o Irmãozinho de uma namorada, chegando lá o cara tem quase dois metros de altura e dois de largura? Ou como todos já alguma vez ouviram de bocas baianas o famoso Paiiiiinho ou a santa Mãeiiiinha. Também utilizamos o diminutivo para indicar ironia, como por exemplo, em um estádio de futebol que gritamos para o time adversário: Timinho, Timinho! Porém se você, leitor, um dia me disser: Leio suas croniquinhas, não saberei se o diminutivo foi empregado para indicar a ironia (você não gosta de minhas crônicas) ou o afeto (você gosta delas), aí então terei um probleminha.
Mas o que mais me fascina é quando usamos o diminutivo para indicar o aumentativo, é isso mesmo! Então me responda o que é mais quente: Um café quente ou um café quentinho? Ou melhor ainda, o que é mais gelado: Uma cerveja gelada ou uma cerveja geladinha?
Por que precisamos tanto de um rei?
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:46:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Hoje em dia são poucos países cuja forma de governo é a monarquia, ainda mais por que nas monarquias que existem a figura do rei é apenas alegórica, então por que precisamos encontrar um rei para tudo? Será nosso passado ancestral falando mais alto? Será que não nos acostumamos viver sem uma figura central que nos represente, não só governamentalmente, mas em tudo: naquilo que somos, naquilo que gostamos...
Já perceberam quantos reis sem reinos que já ouvimos falar? O da moda é o Rei do Pop, mas ainda há o Rei do futebol, o Rei do basquetebol, os Reis do ie-ie-ie, o Rei do Rock, o Rei do Soul, o Rei Lagarto, ainda na música – só que na brasileira –, temos o Rei Roberto Carlos, o Rei do baião, Gilberto Gil, em Domingo no parque, criou o Rei da brincadeira e o Rei da confusão, entre outros reis que fizeram sucesso em músicas temos o Rei do Gado e o Rei do café. Isso sem contar outros títulos monárquicos como príncipes e rainhas, por exemplo, o Príncipe Ronnie Von e a Rainha dos baixinhos.
É comum algumas lojas se auto-entitularem reis naquilo que fazem, rei do algodão, rei das carnes, rei do preço baixo, rei disso, rei daquilo outro... O leitor pode de cabeça e sem pensar muito aumentar a lista de reis. Como em algumas expressões: o Rei da cocada-preta e o Rei dos reis.
O porquê dessa nossa necessidade de um rei, não sei, mas é um assunto interessante para um longo estudo, talvez isso se deva, realmente, a nossa busca por uma representatividade, coisa que a mídia adora, porque ela ganha muito dinheiro com isso. Enfim, rei morto, rei posto. Vida longa ao novo rei – seja ele quem for!
O poder da música
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:44:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Com a recente morte do Astro Pop Michael Jackson, jornais e sites noticiam que as vendas de seus albúns aumentaram e muito. Seria isso apenas oportunismo? Acho que não, pois o poder da música em nossas vidas é muito grande, tão grande que agora a ciência tentar entender e explicar esse fenômeno.
Segundo os cientistas, o cérebro usa a música como um marcador da memória emocional, ou seja quando ouvimos uma determinada canção lembramos-nos de pessoas com quem convivemos ou de situações de que passamos. Um bom exemplo disso, foi quando assistindo ao jogo do Brasil vi a notícia da morte de Michael Jackson e na hora pensei em alguns parentes, que não vejo há muito tempo, em Minas Gerais, é que, quando eu era pequeno, cerca de oito ou nove anos, ia passar as férias em Pouso Alegre e lá minha prima que é um pouco mais velha que eu tinha um compacto de Michael e toda vez ouvíamos juntos. Meu cérebro associou Michael Jackson a Pouso Alegre, interessante né? Mas tudo isso é inconsciente.
A música também é usada para criar laços sociais, nossos ancestrais usavam cantavam em rituais de celebração, tristeza e guerra, até hoje é assim, usamos o poder do ritmo musical para formatar a sincronização, em estádios de futebol, bailes funk, carnaval, trio elétrico ou outros locais de aglomeração de gente. Ao cantar é criado uma unidade entre elas, é como se todas fossem uma coisa só, estivessem sob do mesmo sentimento.
Muitos compositores renomados usaram sua música para impelir ou engajar pessoas a uma causa, caso do próprio Michael ao encabeçar o projeto USA for Africa com a música We are the world.
Por enquanto o mais importante a saber que a memória musical é a nossa fonte da juventude.
O inútil útil
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:43:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Há algumas coisas interessantes nesse nosso mundão, uma delas é o que caracterizamos útil ou inútil, prefiro a definição da segunda: (1 Que não é útil, que não tem préstimo (despesa inútil); DESNECESSÁRIO. 2 Infrutífero, estéril, vão (esforço inútil). 3 Que nada faz ou produz (diz-se de pessoa); IMPRESTÁVEL.) do Aulete digital.
Quando criança nunca fui um aluno brilhante, sempre fui, assim, seis ou sete, a matemática, química ou física, que me diziam ser útil, para mim, era inútil, mas sempre fui de ler bastante, principalmente, livros infanto-juvenis (aquela série Vaga-lume, até a minha época li todos, menos os que eram do Xisto que eu odiava) e romances policiais: Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle (o autor de Sherlock Holmes), quadrinhos do Batman, Super-Homem, Homem Aranha e revistas sobre Ufos, tudo isso seria considerado inútil sob um manto de cultura clássica, se posso assim dizer.
Depois que cresci adquiri novos hábitos, como ler alta literatura e escutar boa música, à medida que minha biblioteca e minha discoteca, na época eram os Lp´s, iam crescendo, minha mãe falava que eu só gastava dinheiro com bobeiras, ou seja, coisas inúteis. Percebo que minhas raízes culturais foram fincadas ali, quando preciso de uma referência geralmente é de algo que tive contato nessa fase, lógico que isso não é regra, mas tenho certeza que se não tivesse lido o que li, escutado o que escutei não teria as ideias, as opiniões que tenho e, principalmente, não seria o que sou hoje.
Talvez ainda não saiba diferenciar o útil do inútil, mas sei o me que foi e é útil, foi e é considerado inútil para muitas pessoas e que hoje não troco o meu inútil e o meu útil por nada, ainda mais sabendo que o meu inútil é útil.
Por quê poesia não vende?
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:42:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (1)
Estive conversando com uns amigos, conversamos muito, e não conseguimos chegar a uma conclusão/solução, ou melhor, nem chegamos, depois de desfazer a pergunta, ficamos estagnados no início: Poesia não vende, ponto.
Talvez seria porque poesia não é necessária, mas consumimos muitas coisas que também não são. Compramos badulaques, trecos, até camisas, calças, sapatos que nunca usamos. Vi em um programa de televisão uma figura que tinha mais de cento e cinquenta pares de sapatos, se ela usasse todo dia um, coisa que duvido, ficaria cinco meses desfilando de sapato diferente, será que isso é necessário? Assisti o programa e nem sabia porque, logo não era necessário, mas eu estava lá, em frente a tv, consumindo essa porcaria! E o pior que tenho prova em minha, mal dita, memória!
E por que diabos que essas pessoas não consomem poesia? Os grandes, Drummnond, Pessoa, Quintana, Bandeira, até eles, sofrem com as vendas pífias, agora os pequenos, os poetas contemporâneos, aqueles que encontramos no bar ou na rua, coitados, nem se fala.
Creio que a sociedade moderna tornou o homem tão egoísta, que ele não está disposto para ter uma nova perspectiva, uma nova visão sobre um tema e até mesmo uma dor de cotovelo que não seja a dele mesmo. Muita informação esse homem recebe, mas a poesia não é apenas informação, ela dá recados ao coração, à alma, a sensibilidade desse homem, que não está acostumado, ou até, nem saiba que existe nele um coração, uma alma e a sensibilidade, e pior ainda! Talvez nem exista mesmo, vai ver o homem moderno já venha sem esses itens de fábrica.
Como já disse o grande poeta Roberto Piva: A poesia entendida como "instrumento de Libertação Psicológica e Total, como a mais fascinante Orgia ao alcance do Homem"
Meu amigo Peixe Grande
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:42:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Contar histórias é uma dádiva, mas nem todos sabem fazer isso, outros, por sua vez, fazem muito bem. Há aqueles, porém, que não só contam, mas também vivem suas histórias. A ortografia contribuiu com eles quando não mais diferenciou História – a ciência histórica, a disciplina que aprendemos na escola -, e Estória – narração fictícia, conto de origem oral e popular, fábula.
Tenho um amigo que é um fabulador nato, para uns um mentiroso de mão cheia, para outros um contador de histórias tão magnífico, que até ele chega a acreditar nelas. Seu nome? Não posso dizer, até mesmo porque se dissesse ele diria que é mentira. Chamamos ele de Edward Bloom, protagonista de Big Fish, quem assistiu a esse fabuloso filme saberá o que quero dizer, quem não assistiu, depois de ler esta crônica, vale a pena correr até uma locadora, uma das que ainda resistem firmemente, e dar uma conferida.
- (...) se ele contasse, ele apenas diria os fatos, não colocaria nenhum sabor... Essa fala de Ed Bloom resume bem o modo de enxergar a vida dele e desse meu amigo, - que talvez sejam o mesmo. Existem pessoas que gostam de retratar a vida por fatos reais, comprováveis, outros são grandes demais para a vidinha que levam, então preferem se referir a ela de forma impressionante. Não irreal, mas melhorada. Eles não mentem, não são caluniadores baratos, são poetas, criadores de novas realidades, dá mesma forma que os grandes escritores são. O objetivo é tornar suas histórias mais bonitas e atraentes para quem lê ou ouve.
Meu amigo vai a uma viagem inóspita, difícil, sei que lá ele viverá fatos terríveis, mas quando ele voltar, é certo que voltará bem, essas histórias se tornarão fantásticas, surreais, inacreditáveis e principalmente maravilhosas de se ouvir.
Você viu ou colocou poesia aqui?
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:41:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Um grande amigo meu veio com uma provocação: O poeta vê poesia nas coisas ou põe poesia nas coisas que vê? Sei lá, respondi. Não sabia mesmo, mas resolvi refletir um pouco.
É impossível tentar definir poesia em apenas trezentas palavras, mas vamos lá. Primeiramente devemos separar poesia de poema. Poesia é o conteúdo, esse conteúdo pode conduzir a transcendência, beleza ou emoção, e poema é apenas o texto escrito em versos. Assim, o poema pode ter ou não poesia. Já a poesia pode estar presente em um poema, um filme, até mesmo em um entardecer, enfim, em tudo que, de certa forma, percebemos pelo sentimento, ou pela emoção.
Acho que o poeta enxerga poesia onde outras pessoas não veem, para ele é ver a poesia já existente, para os outros, quem sabe, seja colocar poesia onde não existia. Conheço alguns poetas que jamais escreveram um poema sequer, mas em conversas sempre aparecem com uma sacada legal, uma visão diferente sobre alguma coisa. Ver poesia, talvez, seja estar perceptível as belezas do mundo, das coisas, dos homens e das ideias. Há uma definição que gosto muito, cujo autor não me recordo, diz assim: Poesia é o olhar incomum sobre os homens comuns.
Um dia escutei os versos da canção Relicário de Nando Reis: (...) Sobe a lua porque longe vai?/Corre o dia tão vertical/ O horizonte anuncia com o seu vitral/ Que eu trocaria a eternidade por esta noite (...) Achei maravilhoso, já imaginou trocar a eternidade por uma noite apenas? E pior, saber que será só uma noite? Eufórico cantei para um amigo, ele disse: Nada a ver, né? Se foi o Nando Reis que colocou nesses versos, ou se só eu consegui ver, não sei, mas que há poesia ali, há!
Metáfora e Ironia
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:39:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Você é um anjo! Você é um tesouro! Não leitor não é um diálogo de um casal de namorados apaixonados. São exemplos de metáforas, tá lá no dicionário: Figura de linguagem que consiste em estabelecer uma analogia de significados entre duas palavras ou expressões, empregando uma pela outra. (Aulete Digital).
Melhor do que saber o que é, é saber para que usamos, e olha que usamos muito..., utilizamos a metáfora para indicar uma comparação de alguma coisa, por exemplo: Você é um anjo! Quem diz isso, compara as qualidades do anjo: bondade, inocência, beleza, divinidade e etc a alguém. Os poetas usam em seus poemas a torto e direito para expressar o que querem dizer, dizendo outras coisas. Agora, quando dizemos: Você é um anjo! Com um tom de voz mais baixo ou mais pausada que o normal, querendo dizer o contrário disso, aí já é a ironia, outra figura de linguagem. Também a utilizamos muito no dia a dia, o pior é quase sempre ninguém entende.
Conheci um rapaz que não entedia metáfora e, muito menos, ironia. Era um inferno conversar com ele. Brincadeira então? E piadas? Já imaginou contar piadas a alguém que não consegue entender que o que é dito não é o que está sendo dito? Olha que o rapaz se dizia muito culto, era estudante de uma dessas universidades badaladas e tudo. Certa vez, falando sobre futebol, disse eu: É, o Corinthians dançou! Como assim dançou? Dançou o quê? Ele respondeu.
Tanto a metáfora como a ironia fazem da língua portuguesa, seja ela a culta ou a coloquial, uma das mais lindas e inventivas do mundo. Você não precisa saber o que é metáfora ou ironia para saber como alguém dança sem dançar e que esse rapaz devia ser muuuuito inteligente ...
A crônica
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/26/2009 05:33:00 PM em Crônicas, Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (0)
Para dizer o que é crônica, começo dizendo o que ela não é. Não é uma notícia, nem uma reportagem, apesar de estar presente na imprensa e às vezes retratar acontecimentos diários e quase sempre ser escrita por jornalistas, mas também não é literatura, mesmo existindo livros de crônicas e ser escrita por muitos poetas e romancistas.
Você deve estar se perguntando: “Mas que raio, então, é uma crônica?” É um texto curto que geralmente é publicado por um jornal, escrita com uma linguagem simples, linguagem de dia-de-semana, – já diria o famigerado do Guimarães Rosa -, vira e mexe aparece com uma pergunta ou simulação de diálogo com o leitor. O cronista, o cara que escreve a crônica, se inspira em acontecimentos diários, presentes ou não na imprensa, mas ao fazer isso dá a ela um toque pessoal, apresenta um tema sob seu ângulo de visão singular, de uma forma leve, descontraída, por vezes até com uma pitadinha de fantasia, criticismo, ironia e por aí vai.
No Brasil, existem e já existiram ótimos cronistas, como por exemplo: Ferreira Gullar, Luís Fernando Veríssimo, Arnaldo Jabor, Carlos Heitor Cony, Mário Prata que escrevem hoje em dia em grandes jornais, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, Nelson Rodrigues, Raquel de Queiroz e outros tantos que já atravessaram o rio, - como o grande poeta Thiago de Mello se refere àqueles que já nos deixaram. A crônica, por seu caráter espontâneo e quase oral é um texto adorado pelos brasileiros.
Enfim, a crônica é isso, fazer com que o leitor leia e se informe sobre algo, sem perceber, como o amigo leitor que chegou até esse último parágrafo fez, leu e se informou sobre esse gênero textual prazeroso de se ler e mais ainda, de escrever.
A CASA DIVERSA
Por Pedro Du Bois | 8/25/2009 01:06:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Na invenção da casa
a família como se apresenta
música?
na desintegração da família
a invenção da casa
como guarida
não há música.
(Pedro Du Bois, em A CASA DIVERSA)
BIOGRAFIA NUMA NOITE
Por Poeta Clebber Bianchi | 8/24/2009 12:29:00 AM em Cláudio Costa | comentários (0)
BIOGRAFIA NUMA NOITE
Minha poesia, às vezes,
Parece que foge de mim
Sinto que não tenho nada a sentir, nada a dizer
Talvez a única coisa a fazer
Seja dançar um tango argentino
Mas nem isso teria sentido
A música francesa erudita tocando no rádio
Fortalece minha tendência à apatia
E meus sentidos continuam sem sentido, não me comove
Não sou espiritualista
Mas também não sou materialista
Sou o único carro na contramão da grande avenida, pois os que são espiritualistas são materialistas e vice-versa
Hoje pela manhã no ponto de ônibus
Nada me comoveu
Nem a fala cansada da pobre e triste senhora nordestina
Nem a face esfolada do homem embriagado pelas verdades da vida
Nada, nada me comove
A lua me observa na sacada sem traços ou expressão
O ruído dos carros não me incomoda,
De tempo em tempo, em busca de novos destinos, aviões cruzam o céu, mas também [não me incomodam
É noite. Poucas estrelas. Poucas palavras
Pássaros não cantam. É noite
Talvez o dia devesse chegar. Talvez o sol devesse apontar atrás do prédio da frente
Porque nesta noite, porque esta noite, nada, nada me comove
VISTA
Por Pedro Du Bois | 8/23/2009 04:00:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Vista limitada
estreita faixa
altos prédios
chamamos a isso
progresso.
(Pedro Du Bois, em POUCAS PALAVRAS)
Noite de Autógrafos
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/23/2009 09:37:00 AM em Fabiano Fernandes Garcez, Poesias, São Paulo | comentários (0)
A Livraria Café e Cultura convida você para a Noite de Autógrafos, com o autor Fabiano Fernandes Garcez, que será realizada no dia 29/08/2009, às 19h, entrada franca.
Fabiano Fernandes Garcez é professor de língua portuguesa e literatura, estreou com o poema São Paulo na antologia São Paulo Quatrocentona que a Editora Litteris promoveu para homenagear a cidade na ocasião dos seus 450 anos.
Em Poesia se é que há, o tema central é a reinvenção do tempo através da ótica do poeta. A poesia social tem espaço e é cantada em ritmo forte, bem martelado, como em: Sempre em frente!, Quero o novo e A corda, e outras vezes de maneira mais branda e despojada como em: Dicotomia e Riqueza. A contemplação e a nostalgia aparecem ao lado da transcendência do banal em poemas mais líricos e com algum arrojo estético que retrata um eu-poético reflexivo e arrependido, como em: Fiz de você, Despejo e Almoço de domingo.
No livro nota-se a linguagem coloquial e oral, sem apelo ao escatológico ou à obscenidade, que o difere muito de outros poetas de sua geração.
Livraria Café & Cultura
Av. Dr. Renato de Andrade Maia, 765 –
Parque Renato Maia – Guarulhos – SP.
11 2229-0376
NÚMEROS RECONTADOS
Por Pedro Du Bois | 8/19/2009 11:59:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Vinte e tantos anos terá quando dirão
- fez-se o destino em papel de embrulho
ou papel de pão -
ser findo o dia da sua juventude
e a jornada futura, adulta
séria e formal em sua burocracia
dispensará o sorriso e a bondade
- feito o destino no que esquece
e oferece em pagamento -
ser o ocaso do dia, a última vista
toldada pelo sol ocidente
onde se esconde aos poucos
antes de assumir sua maioridade.
(Pedro Du Bois, em NÚMEROS RECONTADOS)
Linha vã
Andréa Motta
Singra o olhar nas vagas
Incertas do sonho.
Cede à brisa
A vertigem do poema
Uma andorinha voa
No céu da boca.
Cede à tempestade
O imaginário do verso
Fragmentado,
Não é incapaz
De alimentar a palavra
Que se faz rito
SONHAR
Por Pedro Du Bois | 8/17/2009 08:54:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
O atleta
movimenta suas pernas
enquanto dorme.
Gol dos sonhos.
(Pedro Du Bois, em O MOVIMENTO DAS PALAVRAS)
ENQUANTO A ÚLTIMA LÁGRIMA CAI
Por Poeta Clebber Bianchi | 8/17/2009 07:43:00 PM em | comentários (1)
ENQUANTO A ÚLTIMA LÁGRIMA CAI.
Há pouco, em seu leito de morte, uma senhora deixou escapar do canto olhos aquela que seria sua última lágrima, não sei se de dor ou de alívio. Nunca saberei se ela tinha consciência de que aquela seria sua última lágrima.
Antes de ir, proferiu, enquanto sua última lágrima caía, suas últimas palavras:
_ Nunca pensei que o calor do sol na minha pele fosse me fazer tanta falta! Por tanto, se agora é dia, vá para fora, feche os olhos diante do sol e sinta o bem que seu calor faz. Se chove, somente mais uma vez tome um banho de chuva e sinta o pingo frio refrescar seu rosto, verá o bem que isso faz. No meio do dia, durante o expediente, pare e sinta a leveza do vento balançar seus cabelos enquanto resseca seus olhos e arrepia os pelinhos do braço, procure não ouvir nada nem ninguém, sinta o vento e observe-o balançar as folhas da árvore na esquina. Se é noite, vá à janela, à sacada, ao quintal, relaxe, feche os olhos e tente ouvir todos os ruídos que existem em volta de você, como o mundo se movimenta ao redor, isso o fará relembrar fatos, entender atos, e tomar atitudes. Faça sempre algo que gosta pela última vez, assim fará esse algo valer a pena como se fosse pela última vez, mas faça sempre. Não seja materialista demais, mas não desperdice seu dinheiro, pois vai precisar dele. Não seja religioso demais, seja solidário, ame o próximo como a ti mesmo, perdoe seus inimigos, mas não seja religioso demais, senão vai carregar o peso de pecados que ainda nem cometeu, e tenha fé, você vai precisar dela. Não descarregue nos outros seus problemas, angústias ou tristezas, esses outros não são depósitos de lixo. A sua fonte de energia está dentro de você.
Aquela senhora parou na primeira frase enquanto ainda falava do sol. O resto vivi aos poucos, depois que, de olhos fechados, senti por algumas vezes o calor do sol.
Agora, aos trinta anos, em meu leito de morte, entendo esta última lágrima que cai, eu a deixo escapar como se fosse a última, a última lágrima que cai.
Nunca fui muito sentimental, mas também nunca tive a frieza dos nórdicos, se bem, que nem sei se os nórdicos são frios, enfim, a realidade é que à beira da morte a gente escreve até autoajuda, além disso, Deus existe mesmo .
TÂNIA
Por Pedro Du Bois | 8/16/2009 09:38:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
A mão toca
levemente
a base do rosto
reflete tua paz
interior
reflete
tua inquietude
interior
plácido olhar
distendidos músculos
em sorrisos
sofre da vida
tuas vicessitudes e ironias
as mãos em teu rosto
e o mês de agosto
chegando ao fim.
(Pedro Du Bois, em LIVRO DA TÂNIA)
NÍVEL
Por Pedro Du Bois | 8/15/2009 09:22:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
II
O passado serpenteado
desliza o corpo
sobre o corpo
no atravessado esforço
da jornada
com os olhos abertos
ouvidos atentos
as mãos
entrelaçadas
a serpente é a luxúria
do acaso.
(Pedro Du Bois, em A CONFIGURAÇÃO DO ACASO, fragmento)
BIOGRAFIA NUMA NOITE
Minha poesia, às vezes,
Parece que foge de mim
Sinto que não tenho nada a sentir, nada a dizer
Talvez a única coisa a fazer
Seja dançar um tango argentino
Mas nem isso teria sentido
A música francesa erudita tocando no rádio
Fortalece minha tendência à apatia
E meus sentidos continuam sem sentido, não me comovem
Não sou espiritualista
Mas também não sou materialista
Sou o único carro na contramão da grande avenida
Hoje pela manhã no ponto de ônibus
Nada me comoveu
Nem a fala cansada da pobre e triste senhora nordestina
Nem a face esfolada do homem embriagado pelas verdades da vida
Nada, nada me comove
A lua me observa na sacada sem traços ou expressão
O ruído dos carros não me incomoda,
De tempo em tempo, em busca de novos destinos, aviões cruzam o céu, mas também [não me incomodam
É noite. Poucas estrelas. Poucas palavras
Pássaros não cantam. É noite
Talvez o dia devesse chegar. Talvez o sol devesse apontar atrás do prédio da frente
Porque nesta noite, porque esta noite, nada, nada me comove
A MORTE INSANA
Por Pedro Du Bois | 8/14/2009 10:14:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Eu
meus soldados
meus obreiros
meus servos
eu
minha força
minha obra
minha autoridade
eu
minha luta
minha graça
minha carcaça
eu
meu luto
minha ruína
minha desgraça.
(Pedro Du Bois, em A AUSÊNCIA INCONSENTIDA)
de sol a cio
Por valéria tarelho | 8/14/2009 05:15:00 PM em Poesias, São José dos Campos, Valéria Tarelho | comentários (0)
amo você
pelo avesso
e [confesso]
pelo verso:
o torto
e reto
afora
adentro
amo você
a quilo
a metro
a quilômetros
e perto
s e p a r a d o
bemjuntodopeito
amo você
água & vento
de fato
de feito
mundo & átomo
fogo-fátuo
astro
por você:
léu & cardo
chuva & chama
brando & árduo
eu ardo
valéria tarelho
*de sol a cio, é o nome da encenação de meus poemas dentro do projeto Poeta em Cena, que estreia no próximo dia 29, às 20hs, na Casa das Rosas-SP, data e local em que também estarei lançando o livro "Sol a Cio".
quem estiver por Sampa nessa data, apareça!
RETRATOS
Por Pedro Du Bois | 8/13/2009 09:06:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Retenho
imagens
fotografias
memorizadas
instantâneos
como lembro
quem devia
estar comigo
(não como somos)
na imagem retida
onde o tempo eterniza
nossas vontades.
(Pedro Du Bois, em RETRATOS)
HOSPEDAGEM
Por Pedro Du Bois | 8/12/2009 08:56:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
A frieza do ar condicionado
na neutralidade das cores
e luzes indiretas
impessoal
a cadeira que não é sua
o travesseiro que não é seu
o barulho da geladeira
impessoal
o som do sexo no quarto ao lado
a solidão no roupeiro vazio
a mala pronta para a saída
de pessoal
o fio de cabelo
sujando a pia.
(Pedro Du Bois, em JOGO DO NADA)
AQUELES
Por Pedro Du Bois | 8/11/2009 08:29:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Aqueles dizem sobre a inteligência
e dos corpos não encontrados
no campo fumegante das ideias
onde travadas as batalhas
em significados e contidas raivas
aqueles dizem sobre a paixão
e a barca que conduz os amantes
entre margens retilíneas
onde corpos podem extravasar
significados e incontidos arroubos
aqueles dizem sobre o esquecimento
e dos livros escritos em palavras
depositadas em ermos de passagens
onde mentes em conflito de trabalhos
admitem razões, bobagens e o vazio.
(Pedro Du Bois, em O LIVRO FECHADO)
CALAR
Por Pedro Du Bois | 8/10/2009 09:19:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
O pior é entender
o que está sendo dito.
Ser refém do entendimento.
Encarcerar a palavra ao sofrimento
e a manter até a sentença.
O pior é recorrer
da palavra
e se socorrer
em silêncio.
(Pedro Du Bois, em ALGUMAS PALAVRAS)
CORDILHEIRA
Por Pedro Du Bois | 8/09/2009 08:09:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
A cordilheira assusta:
brancos picos de primeiras neves
antecipam o inverno e o frio
a cordilheira assusta:
brancos picos de águas congeladas
antecipam o inverno e o frio
a cordilheira assusta:
a tristeza do povo antecipada
ao inverno de novas gerações.
(Pedro Du Bois, em CASAS EM PEDRAS, Chile, 5)
A MÃO QUE ESCREVE
Por Pedro Du Bois | 8/08/2009 09:49:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
VII
O que no papel registro
como história: estória
mal contada em vitórias
não acontecidas (não
digo dos meus fracassos)
atrás da porta escuto
o som interior
contra a parede
mistério incorporado
ao que não digo.
(Pedro Du Bois, em A MÃO QUE ESCREVE)
CICLOS
Por Pedro Du Bois | 8/07/2009 10:00:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
O triste sorriso com que se despede.
É quem fica, em lágrimas
planos feitos aos poucos,
pedras, sonhos, matemática desfeita,
contas irresolúveis, sina e vento,
profética brisa levantando a ponta
da roupa: histórias mal contadas
...
(Pedro Du Bois, em POETAS em OBRAS, Vol. XI, fragmento)
O ex-cônjuge quer ser mais que um retrato na parede: ser um fantasma
Por Unknown | 8/07/2009 02:29:00 AM em Adams Alpes, Caçapava, Crônicas | comentários (0)
(Adams Almeida Lopes, 07 de agosto de 2009)
a ÁRVORE pela RAIZ
Por Pedro Du Bois | 8/06/2009 11:31:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
11 O azar condensado no serrar
da lâmina: corpo separado
à raiz do que resta, o toco
sente o corpo em descanso
no que rebrota
ou resseca: tronco remetido
em lâminas ao descaso.
(Pedro Du Bois, em A ÁRVORE PELA RAIZ, fragmento)
poemas musicados
Por valéria tarelho | 8/05/2009 10:41:00 AM em Música, Poesias, São José dos Campos, Valéria Tarelho | comentários (0)
azo
[a ana c., ave]
o pássaro
pousa
passivo
na pauta
do poente
pausa
em compasso
de espera
passa tempo
tempo passa
pensa
pondera
ousa
e abre
as asas
rumo
ao sol
no fim
do túnel
oz não é aqui
o tédio
[ tema batido ]
de todo dia
a taquicardia
[ velha amiga ]
do peito tísico
o trauma
[ antiga trama ]
dos medos de tranças
o tempo
[ a toque de valsa ]
tricotando detritos
sorrir para o sol
que sai de assalto
e entra em cartaz
:
truque [ frustrado ]
de aprendiz
[ tornado
possível
é só
um invento
over
the rainbow ]
**os poemas acima foram musicados por Rogerinho Borges (ES) e participam do Festival L’Espirito Poitou, que acontece de 20 a 24 de agosto, em Celles sur Belle, na França.
RAZÕES
Por Pedro Du Bois | 8/04/2009 10:36:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
III
razões para dizer obrigado
olhar para trás e ver
a ilusão da imagem:
sopros dos mares
doces perfumes no ar
que razões lhe trouxeram?
razões para se sentir cansado
espiando o futuro
em tradições desmoronadas
de lições desaprendidas
dos mortos enfumaçados
que razões irão lhe levar?
(Pedro Du Bois, em COMPORTADAS RAZÕES)
DOS AMORES
Por Pedro Du Bois | 8/03/2009 09:28:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
18
Identificar
pelo perfume
que tu acabaste
de chegar
sentir
o coração bater
forte
e rápido
acelerar o passo
e buscar sôfrego
a chave da entrada.
(Pedro Du Bois, em DOS AMORES)
Micronarrativa
Por Cláudio Costa | 8/02/2009 09:52:00 PM em Cláudio Costa, Contos e Micronarrativas, Lorena | comentários (0)
PUTEIRO CELESTIAL
A cada noite ela ia ao oratório e pegava um santo. Morreu quando se deitou com São Jorge.
KAFKAFÓBICO
Gregor acorda sem pinto. Depois nasceram as asas coloridas. Antes da mãe o chamar...ele voa pela janela.
A SENSAÇÃO DO NOME
Por Pedro Du Bois | 8/02/2009 08:40:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
7 O nome é a véspera
da adoração da palavra
adotada à letra. Conjunto
significativo referenciado
além da compreensão.
O imprevisto: corte diagonal
do nome anterior recomposto
ao recorte adicional do nome
na perda do significado.
(Pedro Du Bois, em A PALAVRA DO NOME, fragmento)
Meu egoísmo tomou-me logo pela manhã
Escovei meus dentes
Tomei meu banho
Olhei-me no espelho
Arrumei meu cabelo
Fiz minha barba
Engraxei meus sapatos
Passei minha camisa de seda
Tomei meu café
Li meu jornal
Antes de ir para o meu trabalho
Olhei da minha sacada e
avistei:
Nos degraus da igreja matriz
o homem contava algumas poucas moedas
A prole, em volta, esperava qualquer coisa de alimento
Havia qualquer coisa de tristeza em seu sorriso
Havia qualquer coisa de esperança em seus olhos
Havia qualquer coisa de egoísmo no meu dia
só me regue
Por valéria tarelho | 7/29/2009 12:04:00 PM em Poesias, São José dos Campos, Valéria Tarelho | comentários (0)
eu não te peço muita coisa, honey
apenas um par de
polaroides de viagem
e um help que traduza minha
semi-virgem vertigem
na ponta de outra
[tonta] língua
para que eu capte
no zoom [in]
o oculto sob o azul
da superfície
para que eu intercepte
[e soletre à tez da letra]
a palavra-chave, meu bem
que num passe de
real insensatez
te abre
valéria tarelho
(ao som de Zelia Duncan - nos lençóis desse reggae)
*aproveito para convidá-los ao lançamento de meu livro "Sol a Cio", no próximo dia 29 de agosto, na Casa das Rosas-SP.
detalhes sobre o livro e lançamento estão disponíveis em http://solacio.blogspot.com .
TEMPO DE REZA
Eu era um descaso do acaso,
angariado na contramão de uma grande avenida
Os brilhos dos olhos lagrimantes de saudade
de um tempo escorrido nos relógios
refletiam a esperança do passado,
apagada na realidade de um presente sério.
Sou um verso solto,
uma estrofe desconexa,
um tom sem intenção.
Sou um eu lírico pouco idealizado,
idealizador,
desaliterado.
A melodia não me encontra,
e entre mim e ela
só a vontade de ser um pouco mais sonoro.
Armstrong soprar-me-ia entre notas
melodicamente melancólicas
La vie en rose.
O toque das teclas do piano
teria funções tristes de acompanhares,
intrínsecas em saudade.
O sol brilha belo
e entre as frestas da janela apodrecida pelos dias
entra a luz quente, ultraviolentamente,
alumiando os olhos amarelados do porta-retrato.
Nostalgia é ouvir o barulho que o silêncio faz
no tic tac do relógio.
Eu não. Sou mais do que isso.
Sou a saudade que a lembrança tem,
sou os sonoros passos lentos, quase mancos,
de entes que se foram já, tão cedo de minha vida.
Sou os credos, os padres-nossos...
Egoistamente,
amém.
XADREZ
Por Pedro Du Bois | 7/27/2009 07:59:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
A arrogância terça armas
a ganância invade o tabuleiro
a rainha se evade
o rei lerdo
se entrega
a empáfia perdura
no discurso de posse
o peão se esconde
a torre é bombardeada
o cavalo empina o corpo
derrubando o bispo
no sacrilégio da chegada
a ignorância permanece
em cada casa.
(Pedro Du Bois, em A HORA SUSPENSA)
SERES
Por Pedro Du Bois | 7/26/2009 07:02:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Somos nós
avessos aos compromissos
externos
eternos descompromissados
ávidos pelos encontros
ou seremos agora
feitas as contas
descontos concedidos
por obra e graça.
(Pedro Du Bois, em DESENREDOS)
Corrida injusta que todo brasileiro sorridoente
Por Unknown | 7/25/2009 10:45:00 PM em Adams Alpes, Caçapava, Crônicas | comentários (0)
A PEDRA DESCORTINADA
Por Pedro Du Bois | 7/24/2009 10:49:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
Dessa vez
- última -
não voltarei
o rosto
em pedido
serei a despedida
seca em folhas
sobre as pedras
do caminho
o ir embora
na promessa da hora
dessa vez
- derradeira -
não terei o sal
e o gosto do pedido.
(Pedro Du Bois, em A PEDRA DESCORTINADA)
O homem sente que
está realmente ficando velho
quando começa a perceber
que possui mais passado
do que futuro.
Esta é a hora
em que o melhor a fazer é viver o presente
Vivo sempre sem saber
quanto tempo durará a simplicidade do vento.
As horas descarregam sobre os ombros dos homens
todo seu peso sem medida a encurvá-los.
Somos como raízes no solo, que,
mesmo arrancadas,
as marcas, nem a medida das horas apagam.
Os fatos são narrativas
e conduzem tudo e sempre
a um começo,
a um meio,
a um fim...
De imediato,
restam-nos as reminiscências,
sem peso,
sem medida,
sem tempo.
BREVES GESTOS
Por Pedro Du Bois | 7/22/2009 09:39:00 PM em Itapema, Pedro Du Bois, Poesias | comentários (0)
O povo de paz
não deseja o território vizinho
nem quer se apropriar da riqueza alheia
esse o discurso
o povo colonizado cultural e economicamente
mal consegue proteger suas fronteiras,
acostumado a ser roubado em suas riquezas
essa a prática
discurso e prática
milenar maneira
de enganar a si mesmo
fazer de conta que tudo acontece
como planejado, manter a hierarquia
e o culto ao passado.
(Pedro Du Bois, em BREVES GESTOS)
Gripe causa status quo
Por Unknown | 7/21/2009 04:42:00 AM em Adams Alpes, Caçapava, Crônicas | comentários (0)
Há pouco, li nos jornais, que os hospitais no Rio de Janeiro e em São Paulo estão em uma situação em que salta gente pelas janelas para ser atendida. Tudo culpa da mídia. O mais engraçado é que o povo brasileiro fisga direitinho a isca e aglomera-se, metro por metro, nos corredores dos hospitais, transformando a saúde pública num caos. Mas, é exatamente isso que a mídia quer. Portanto, ter gripe suína no país do carnaval, é ter status. É entrar para o hall da fama das pessoas que pegaram uma epidemia mundial que entrou pelas portas da frente do país: com os turistas que, diariamente, entram e saem dos aeroportos do nosso país, com ou sem aquela afeição de bonzinhos, carentes e deslumbrados com tanta beleza (principalmente das mulheres), e que somente conhecem o carnaval, Pelé e, agora, o Ronaldo. No país do futebol, que pessoa não quer se gabar para os amigos e para a família, que esteve internado por causa de uma doença que pegou de um turista mexicano, espanhol ou norte-americano?
O fato mais cômico, e que chama mais a atenção, é que se fosse o dia nacional de doação de sangue, de doação de órgãos ou de doação de agasalho, com toda a certeza, e arranco meus ouvidos se eu estiver errado, os hospitais não estariam lotados de pessoas até à tampa, pulando pelas janelas, implorando para os médicos um minuto de atenção. Os bancos de sangue não estariam vivenciando um caos e a mídia, muito menos, divulgaria tal ação. Fato curioso: alguém já reparou que os médicos que realizam os atendimentos aos suspeitos da gripe suína não são adeptos aos acessórios da moda, como as máscaras, as luvas etc.? Muito menos os vejo usufruindo o banheiro e lavando as mãos a cada atendimento feito. É! A gripe suína é o caminho mais curto para se tornar emergente ou socialite. Um dia desses, meu pai, para conseguir uma meia-dúzia de gatos pingados para doar sangue no hospital público, teve que gastar a língua tentando convencer os amigos que um dia poderia ser um deles no lugar de quem precisa. Ainda assim, não conseguiu o impacto que queria. Também, meu pai não é nenhum “âncora” de um noticiário sensacionalista em uma dessas emissoras nacionais de televisão. Além disso, muitos ainda são os pré-conceitos nessa hora, como por exemplo, o medo de pegar doenças, entre outros. Engraçado: na hora de pegar a gripe suína, dentro de um hospital público, ninguém treme na base como vara verde, mas, há nora de doar sangue, o hospital causa uma vertigem, não é? É porque doar sangue não traz status quo a ninguém. Imagine-se em uma roda de amigos: se disser que doou sangue, ninguém aplaude. Ninguém assobia. Ninguém vibra. No entanto, se disser que esteve de cama durante alguns dias, por causa da gripe suína, todos irão te vangloriar, te encher de perguntas e fazer um busto para condecorá-lo. Na ocasião, torna-se até herói da cidade. O povo brasileiro é o que mais tem o rabo dos olhos virado para o próprio umbigo e não se importa com o dia de amanhã. Além disso, é um povo extremamente acomodado. Ainda mais depois que o Obama teve a coragem de dizer que nosso querido presidente Lula é o “cara”. Obama!, venha para o Brasil, meu querido. Venha viver alguns meses aqui. Encontre um barraco na Rocinha ou na Cracolândia, ou ainda, quem sabe, nas grandes cidades cosmopolitas, como as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Você verá como é gostoso desejar ter gripe suína para aparecer no jornal, para ter fama e sucesso por quinze minutos. Você verá como a mídia manda e desmanda em um povo fraco e carente de uma nação forte, firme e com seus heróis, como super-homem. Você verá como é fazer parte de um povo sem identidade e que tem apenas um grito às margens plácidas do Ipiranga e, mesmo assim, falso e pintado à francesa. Um povo carente de heróis, pois não tem a menor ideia e não sabem quem são os verdadeiros heróis de nossa aquarela.
Ainda por cima, para complicar a minha crônica, moro em uma cidade onde tudo, exatamente tudo, “pula” nosso pequeno território. A chuva pula, o calor pula, o circo, os parques, até a gripe suína pula essa cidade. Sorte minha e azar dos meus colegas, já que não vão aparecer nos jornais, nem mesmo locais, sendo vítimas da gripe que fornece status quo social.
(Adams Alpes, 21 de julho de 2009).