Um dia terminarei
tudo isso
olhos baixos
mãos sobre o corpo
pés inquietos
o dia se fará vazio
e o corpo cessará
os movimentos
tudo isso
fará sentido.
(Pedro Du Bois, inédito)
minha dor é fingida
poesia tingida
dessa cor.
Tenho medos coniventes
com minha idade e os defendo
em linhas imaginárias
lembranças
saudades
autoridade
a mesquinhez cerca o instante
e faz mais uma baixa
acrescento outro medo:
mantenho a idade.
(Pedro Du Bois, inédito)
Adão havia comido todas as maçãs. Olhou para a Eva. Em seu rosto, duas maçãs. Comeu-as.
Fossem as pegadas
bípedes
deixadas em terras
ressecadas
(voltar ao ponto
onde se perde
o contato e perguntar
ao tempo: o trajeto
decomposto desorienta
o retrocesso)
os passos apagam
a estrada e a transformam
na fuga inerente
bípedes espalhados
se reencontram
em terras diferentes.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por JURA | 8/14/2012 06:58:00 PM em | comentários (0)
Aguarda a oportunidade
(o oportunista se guarda
em tempos)
e se faz notar
pela chegada
(o oportunista se faz notar)
amistosa
(o oportunista sorri a sua chegada)
pode não se apresentar
passando pela rua
e nem chegar até a porta
(o portunista não se acompanha
em seu trajeto).
(Pedro Du Bois, inédito)
Nenhum trabalho
supre em utilidade
nossas vidas: salvam vidas
matam vidas
mantém vidas
a criação sucedida
ao medo onde razões
consubstanciam sobrevivências
sobreviver implica
em utilitarismo
a vida se ocupa
em outros gestos.
(Pedro Du Bois, inédito)