Feitos na indelicadeza do gesto
em razões de desencontros
aceno ao espaço
não preenchido
das promessas
a água morro abaixo
leva terra
galhos
folhas
(a sujeira indelével)
na diversidade guardo
o meio dia
a tarde sucessiva
na maneira carinhosa
com que me despeço
a terra acomodada em novas camadas
esconde a passagem anterior dos passos.
(Pedro Du Bois, inédito)
A água do lago
entre árvores não reflete
o ocaso do lodo
ao fundo
- imprime no pingo da chuva
o centro concêntrico
da queda -
o pássaro entre árvores
trina em meus ouvidos
(a voz da criança no apartamento
grita a sucessiva contade
da liberdade)
a chuva altera a superfície
e o lago calado em trinados
e gritos
afoga a profundeza.
(Pedro Du Bois, inédito)
Oferto e o deus a rejeita
e a devolve: quer o sacrifício futuro
embutido em apagadas frases
desenhadas em portas
de garagens
tenho outra maneira
sincera para as ofertas: a surpresa
como me ofereço
em vida consumida
ao nada.
(Pedro Du Bois, inédito)
Fica no consumir da hora:
o crepúsculo oculta o dia
o reverso ensandece a morte
e refaz o líquido enregelado.
Cultiva a terra em secas
debate a estrada em trechos
impede a revoada dos pássaros
por onde atravessa.
Acolhe a luz em raios
aguarda a escuridão em ondas
imaginárias de mares em movimento.
Coleciona o valor do brilho
no desdizer da farsa
no engalanar a festa
com que o tempo se alimenta.
Reconhece no canto a trava
realinha a família na crise
e no debate com que se avivam
memórias de sobrevivências.
(Pedro Du Bois, inédito)
Pequeno retângulo
que se abre feito porta
e nos transporta.