menospreza o sentido:
sentado em silêncio
acompanha a cena
com os olhos
a sanha amadurecida
do mistério se revela
inócua aos perigos
gerados em desatino
menospreza o programa
desfeito na efemeridade
das promessas atávicas
a resenha desdiz o discurso
no reescrever mitos metrificados
menospreza o sentido:
ao músico cabe a ilusão
de refazer o momento
(Pedro Du Bois, inédito)
único pé sobre a calçada
em límpida passagem
de curta viagem
água escorrida pela chuva
diuturna do planeta
empoçada no caminho
dos barcos atracados
ao meio fio
castelos desmoronados
no líquido escorrido
pelo pé que pisa
e espirra o barco
outro pé esbarra
na ponta da pedra
levantada: queda
na água recolhida
ao barco soçobrado
(Pedro Du Bois, inédito)
marcas de giz
cal
spray espalhado
não vale a incerta hora
reconsiderada em acordes
agonia: pressentimento
repetido na inglória
forma de ser presente
na negação o giz desprezado
não risca o chão
não espalha o pó
não utiliza a artimanha
com que palavras limpam
paredes brancas
nada acontece que o tempo
(amigo) não faça esquecer
(Pedro Du Bois, inédito)
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