Não falo do amor.
O amor deve ser mudo
em não dizeres. Ríspido
em encontrares. Móvel
em sensibilidades após
o gesto e o gosto. Do amor
guardo a distância próxima
da perenidade no descansado
gesto com que corpos
se reconhecem. Não a paixão
que embaraça o discurso
e tange parceiros ao delírio.
O amor soçobrado em ventos
reassume posturas e indelével
permanece. Falo do amor:
que o amor diz do mundo.
(Pedro Du Bois, inédito)
retira da inconsequência
o peso: da levedura o amargo
gosto deixado no traço
a leveza universal
no menor ser: vivo
na morte se refaz inteiro
resultado dos afazeres
deifica a espécie na repetição
que o parto multiplica
olhar sobreposto ao cínico
destruir da rota de passagem
leve murmúrio das palavras
necessárias no revoltar ares
do que fica na imagem
a inconsequência perdura
na integridade do desalento
(Pedro Du Bois, inédito)
mar de águas claras
azuis verdes
esmeraldas
areias finas
marcas de pisadas
passos
rastros arrastados
luz em sombras indevassáveis
nas lentes transeuntes
chapéus em mulheres
misteriosas
além fumaça
ambulantes embarcações
retiram sinais
com que mares
e areias
desconcertam passados
azuis e verdes
aventureiros espíritos
chapéus e escuras lentes
passos indecifráveis
de horas mortas
(Pedro Du Bois, inédito)