Projeto Passo Fundo - Convite

Por Pedro Du Bois | 10/06/2019 10:21:00 PM em | comentários (0)

A Revelação como Máscara e Outros Poemas

Por Pedro Du Bois | 10/01/2019 05:18:00 PM em | comentários (0)

por W. J. Solha


Sobre A REVELAÇÃO COMO MÁSCARA, do novo livro de Pedro Du Bois, O VENDEDOR DE CADEIRAS, publicado pelo Projeto Passo Fundo. 




A ilustração é um quadro meu, de que me lembrei ao ler isto, nessa parte da obra:
-
Gosto de usar na máscara o irrefletido:
a opacidade anteposta ao papel
desenhado no esboço e o gesso
na morbidez do rosto
condenado à decomposição.
-
OK.
Há anos acompanho a produção de Du Bois. E esta me parece banquete pra psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e assemelhados, e pra críticos literários de melhor estirpe. Uma de minhas resenhas sobre obras anteriores do poeta gaúcho, teve – a propósito - o nome de ENIGMA DU BOIS, aqui bem mais denso, até, do que o ENTRE MOSCAS, do Everardo Norões, por que, na maioria das vezes, venceu-me. Como se fossem partes de um nouveau roman – que tinha foco nos objetos, não nos personagens – os três primeiros títulos desta edição constam como “O Vendedor de CADEIRAS”, “A Revelação como MÁSCARA”, “TUBO DENTIFRÍCIO”.
Veja que sacada:
-
Ao velarem os mortos
colocam cadeiras
junto ao caixão:
-
Corpos assentados
inclinam as mãos
sobre as bordas
os olhos choram o corpo
deitado
-
Nas outras partes do livro, tem-se achados como este:
-
TUBO DENTIFRÍCIO
-
Aprendo a escovar os dentes
antes que o almoço
me devore.
-
Mais em frente:
LEVIANA HISTÓRIA DE UM SE NHOR URBANO
-
Sonha em se tornar artista
sobre o fogo: retirar do coelho a ironia
da cartola.
-
E, como se – malevolamente – gozasse com meu novo livro – VIDA ABERTA
(Tratado Poético-Filosófico ):
-
Entediado. O filósofo repete
em novas palavras a sua velhice.
-
E:
-
Simplifica em termos
eternizados o que não foi
dito.
-
OK.
Mas o centro do volume, parece-me, é a REVELAÇÃO COMO MÁSCARA, em que a gente pensa logo na fábula de Esopo, “A Raposa e a Máscara Trágica”, em que a zorra dá com esse assessório do teatro grego, deslumbra-se com sua beleza, mas se decepciona com o vazio atrás dela. Em seguida vamos direto à Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung, ao Arquétipo Persona, onde se observa o sujeito com a possibilidade ou necessidade de criar personagens ( persona: máscara, em latim ) que podem não ter nada com ele mesmo: o papel público que o ser humano se sente forçado a apresentar.
Du Bois não é um poeta exatamente feliz com a condição humana, com as tais máscaras ou não:
-
Nem o vazio
Se revela. Nem a revelação se esvazia.
-
Ou:
-
Escondo a máscara sob outra máscara-
E isto que se segue vai pra uma tácita angústia kafkiana , como em O PROCESSO:
-
Sobre a minha vida despejam culpas assumidas
em lágrimas de arrependimento. Não me dizem
o crime cometido.

-
OK, de novo. Porque triste, mesmo, são estes versos de SILENCIAR:
Dias (são assim)
calados em tardios
anoiteceres. 

-
Como eu disse, não se trata de prato cheio, mas de banquete para os estudiosos da mente humana, inclusive críticos literários do porte de um Hildeberto Barbosa Filho.
Fica a indicação.


Por Nestor Lampros | 6/30/2019 05:12:00 PM em | comentários (0)





                                  MINHAS CENTELHAS SOBRE A CIDADE


Como se os olhos fossem  máquinas que empunham sombras,
Cheias de paz, nas redobras do espaço-tempo,
À força de uma água boa de beber
E na altitude estranha dos desertos em chamas,
O sol, crucificando  vozes, desvendam nossas camadas na cidade,
Revelando a visão das últimas sandálias do meu centro permanente.
Na  minha igreja do rosário amarelo arrematado, fortificando um amigo
Mais do que idealista −  o Osnírico, o visionário – vivo e  envolto em chuvas,
Refundando minhas invisibilidades, na minha última ceia, primeira.
Vejo minha mãe cozendo calendas em sua casa, nas efemérides, sob olhares
Vagos e presentes de Yndiara Rosa Macedo e Thais Helena,
Nos mais longos trajetos na escalada do raro progresso feminino,
E são asas contristadas de forma mágica  em encontros vitais.
Na contestação exata destes hospitais insanos
Desalmados, na sua procura atibaiense,
Dr Maurício, nosso amigo, ainda me conclamaria às doses de Olanzapina,
E as subprefeituras descobririam nessa minha imagem opaca,
Ao me escavarem, apresentando-me os dias e todas as noites dissidentes.
E para aferirem  flores, morangos, bom odoris, Isumis
- Bastará plantar os meus contornos citadinos autodançantes,
Em Gersey Pinheiro, em Lukas Lampros, e José e João, na arte
Desenvolta indo além de sonhos, senhas, formas − em paisagens−,
Sem que isso nos desatem em nos constranger, ao menos,
Em reconhecer, depois dos chuviscos tristes dos Congos e das Congadas,
Nos tempos vindouros em sistemas nervosos, os colapsos.
De chuvas de pedras britadas, corpóreas nos lares de nossas serenidades,
A encantação dessa nossa cidade nos poros em desilusões transparentes.

Nestor Lampros, inédito


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