Mais um retorno

Por Diniz.DL | 1/27/2011 09:37:00 AM em , , | comentários (1)

Dona Ruth Guimarães escreveu em suas Crônicas Valeparaibanas que "A coisa mais linda nas viagens é voltar pra casa". Não importa o que se veja mundo a fora: monumentos, relíquias ou tesouros naturais, nada disso parece pesar tanto quanto o regresso.

Mesmo que sejamos jovens e fiquemos um ano longe de casa "conhecendo o mundo", há sempre um momento em que o destino é o lar, a casa da gente, com nossos familiares, nossas coisas e nossos velhos e rotineiros hábitos. Isso ajuda o corpo e a alma a se recuperarem para a próxima viagem, pois é nessa fase aventureira que iniciamos a longa busca por sentido na vida e identidade pessoal.

A afirmação dessa identidade, ao menos para mim, parece culminar na velhice, quando o ímpeto pela busca exterior se apazigua e passamos a contemplar os tempos deixados para trás, num exercício que, se descontrolado ou intenso, pode levar à melancolia e, portanto, deve ser acompanhado da alegria que é a vida mesma. Na melhor idade, deveríamos aprender a encontrar em nós mesmos o lar, o destino de todas as viagens, de nossas buscas.

O sentido da vida se encontra no retorno à origem, na volta pra casa, mas, como a islandesa Björk escreveu numa de suas canções: "se viajar é procurar e lar é o que encontramos, não vou parar - vou caçar". A volta pra casa encerra um ciclo, nunca a jornada.

A jornada só tem fim na mitologia, quando o herói completa seu périplo que, segundo Joseph Campbell, envolve a saída deste mundo, com a passagem pelo seu limiar e então a investida ao fundo da realidade mágica, onde encontrará a esposa, o artefato mágico ou seja lá o que for que lhe poderá trazer a felicidade. Mas o grande desafio da jornada do herói é o retorno e muitas histórias retratam o quanto essa fase pode ser traiçoeira - se levada a cabo, pois o herói pode ainda permanecer no mundo mágico e abandonar seu reino de origem.

Mas o herói que retorna com a esposa ou o poder tomado do mundo da magia, traz para seu lar a bem-aventurança e a felicidade. A origem é o sentido de todos os esforços humanos. O lar (ou a casa) é, em verdade, o próprio ser humano.

Então preparemos todos nossas malas, viajemos mundo afora e conheçamos novas realidades. O espírito há de se enriquecer ainda mais se, no retorno, encontrarmos a velha e conhecida casa com seus móveis, suas pessoas e nossa vida verdadeira nos esperando. E de volta trazemos todas as riquezas do mundo na bagagem de apenas uma miligrama que tem a tonelada do bem viver.


PS: é bom estar de volta.

FIGURANTE

Por W.G. | 1/27/2011 09:24:00 AM em | comentários (0)


Rodavam o VT. Entre as cenas, uma intrusa.
O diretor deu um murro na mesa.
- Quem é essa? – questionou.
Emocionado, o ator respondeu:
- É minha mãe...
- Já disse para não trazerem familiares nas gravações!
- ...falecida.

.
gORj

TRAJETO INVERSO

Por Pedro Du Bois | 1/25/2011 04:06:00 PM em | comentários (0)

................................(com resquícios de Elia Kazan)

Resolva seus assuntos pessoais. Comece
pelos urgentes, razão de sua azia.

Priorize o desjejum: sucos e frutas,
café, quase nenhum.

Abasteça o carro, calibre os pneus;
no trânsito, esqueça as incomodações.

No escritório, não se irrite com os paspalhos.
Trate bem seus colegas, fornecedores, clientes.
Tenha em mente, nada é pior do que os parentes.

No almoço, contente-se com pouco.
Evite gorduras, fique com saladas e carnes
brancas. Dispense a carne de porco.

Se a tensão estiver forte, pare um pouco,
relaxe, faça exercícios, nada de porte.

Voltando para casa, no trajeto inverso,
imerso em pensamentos, sem perder
a atenção no trânsito caótico,
lembre o que de bom lhe aconteceu.

Sue frio, franza a testa, determine-se.
Num arroubo, juntando as forças,
jogue o carro sobre qualquer obstáculo,
tenha coragem: não desvie,
nem abaixe a cabeça.

(Pedro Du Bois, TRAJETO INVERSO, Edição do Autor)

minha homenagem:

Por Fabiano Fernandes Garcez | 1/25/2011 12:09:00 PM em | comentários (2)


SÃO PAULO

Planalto de piratininga,
País dentro de um país,
Túmulo do samba, locomotiva do Brasil
E terra da garoa

Esta é São Paulo
Onde se encontram
O guri, o piá, o garoto e o moleque
Que ficam à toa

São Paulo do pobre paulista
Dos albergues do centro,
Do jardim angela, guianazes,
jardim joamar e jova rural

São Paulo do rico paulista
Da vila Madalena, Pinheiros,
Moema e Avenida Paulista
Símbolo do capital

Os carros da vinte e três
Os prédios da Faria Lima
E os pedestres da Barão

Da galeria do rock
Do largo São Bento
E a Ipiranga com a São João

A noite eu rondo
A cidade iluminada
Tudo posso encontrar

Sempre disseram
Que São Paulo
Nunca pode parar

Ra ta ta tá o metrô
Vai passar e te levar
Do norte ao sul
E de leste ao oeste

Trem, ônibus, táxi,
Motos, helicópteros
E a ponte aérea
na maior capital do nordeste

O punk da periferia
Da Freguesia foi ao Brás
A convite do Ernesto

Faixas, placas e bandeiras
Ruas interditadas
Em dia de protesto

São Paulo das marginais,
Pontes, viadutos,
O elevado e a radial

São Paulo dos marginais
Pedintes na rua
Do bom e o mau policial

Rebelião na Febem
Hospitais lotados
Briga de torcidas
E enchentes

Shoppings, cinemas,
Teatros, shows
E restaurantes
de todos os continentes

Alguma coisa acontece
Em qualquer esquina da cidade
Sou paulistano com felicidade

Assim é o Tom seu Zé
Apesar de todos os defeitos
São Paulo te carrego no peito.

(Poesia se é que há pág. 16)

minha homenagem:

Por Fabiano Fernandes Garcez | 1/25/2011 12:06:00 PM em , , , | comentários (0)

SÃO PAULO

Planalto de piratininga,
País dentro de um país,
Túmulo do samba, locomotiva do Brasil
E terra da garoa

Esta é São Paulo
Onde se encontram
O guri, o piá, o garoto e o moleque
Que ficam à toa

São Paulo do pobre paulista
Dos albergues do centro,
Do jardim angela, guianazes,
jardim joamar e jova rural

São Paulo do rico paulista
Da vila Madalena, Pinheiros,
Moema e Avenida Paulista
Símbolo do capital

Os carros da vinte e três
Os prédios da Faria Lima
E os pedestres da Barão

Da galeria do rock
Do largo São Bento
E a Ipiranga com a São João

A noite eu rondo
A cidade iluminada
Tudo posso encontrar

Sempre disseram
Que São Paulo
Nunca pode parar

Ra ta ta tá o metrô
Vai passar e te levar
Do norte ao sul
E de leste ao oeste

Trem, ônibus, táxi,
Motos, helicópteros
E a ponte aérea
na maior capital do nordeste

O punk da periferia
Da Freguesia foi ao Brás
A convite do Ernesto

Faixas, placas e bandeiras
Ruas interditadas
Em dia de protesto

São Paulo das marginais,
Pontes, viadutos,
O elevado e a radial

São Paulo dos marginais
Pedintes na rua
Do bom e o mau policial

Rebelião na Febem
Hospitais lotados
Briga de torcidas
E enchentes

Shoppings, cinemas,
Teatros, shows
E restaurantes
de todos os continentes

Alguma coisa acontece
Em qualquer esquina da cidade
Sou paulistano com felicidade

Assim é o Tom seu Zé
Apesar de todos os defeitos
São Paulo te carrego no peito.

(Poesia se é que há pág. 16)

mesa cadeira sofá rack

Por Fabiano Fernandes Garcez | 1/20/2011 03:17:00 PM em , , , , , | comentários (2)

.




mesa cadeira sofá rack
nadando nas águas
da sala

o fogão e a geladeira
atolados no barro mal cheiroso
ficaram

não saíram porta a fora
com o armário e o guarda-roupas,
as fotos em preto e branco

e a dignidade desp ed aç a d a

por essas águas

só resta se renovar

(Em meio aos ruídos urbanos)

Quando a enchente

Por Fabiano Fernandes Garcez | 1/20/2011 03:15:00 PM em , , , , | comentários (0)

.


Quando a enchente
que escorria pela rua
lhe alagou a cintura

soterrando todos
os sonhos cotidianos

a única coisa
não banhada pela tragédia
foi a imagem do desespero
desdobrado:

“Daqui pra baixo éramos água,
daqui pra cima,
gente”

(Em meio aos ruídos urbanos)

A ILUSÃO DOS FATOS

Por Pedro Du Bois | 1/19/2011 03:30:00 PM em | comentários (0)

Tempos antecedentes
de iludidas horas
em ríspidos encontros

o futuro
se apresenta
inócuo

aveludados frios
esquentam ao contato

a ilusão
em lágrimas permanece.

(Pedro Du Bois, A ILUSÃO DOS FATOS, Edição do Autor)

Esculturas...

Por Tonho França | 1/17/2011 11:00:00 AM em | comentários (3)

611 esculturas de barro
611 espasmos no barro
611 sonhos no barro
611 homens no barro
611 mulheres no barro
611 putas no barro
611 padres no barro
611 crianças no barro

João, Maria, Joana, Francisca,Pedro, Beatriz,a beata infeliz,filho da Zeca doceira, Zezé da padaria, aquela morena que desfilava as ancas fartas e os seios de meia lua nas esquinas...seu zé do cavaquinho...

o João, joão de barro
a Maria, maria de barro
os santos, também são de barro
são todos de barro
mortos na lama
são todos agora, lama
611 esculturas de barro
Esculturas
Escuras
611
Sepulturas...

Tonho França

TROMBAS-D'ÁGUA

Por W.G. | 1/16/2011 09:02:00 AM em , , | comentários (0)

O verão engorda os rios.
Obeso de águas, transbordam.

E livres do cativeiro das margens,
invadem campos, cidades...

Manáguas ensandecidas!

Indomáveis,
deixam estragos pelas ruas.

ÁGUAS DA MARAMBAIA

Por JURA | 1/11/2011 10:07:00 PM em | comentários (0)

ÁGUAS LÍRICAS
DAS NINFAS
ÁGUAS DA MARAMBAIA
DE MÚSICAS
SEIXOS CLAROS
DE PROSA
CALMA POESIA
SOMBRAS FARTAS
ARTE PRONTA
COLHIDAS NAS
ÁGUAS DA MARAMBAIA.

FLORES E HOMENS

Por Pedro Du Bois | 1/11/2011 12:56:00 PM em | comentários (0)

Miosótis flor delicada
rosa flor bonita
orquídea flor

copo-de-leite flor mortuária
papoula flor casamenteira
orquídea flor

flores significam
entendimento
trabalho
religiosidade

flores personalizam
orquídea flor.

(Pedro Du Bois, FLORES & FRUTOS, Edição do Autor)

CIRCUNLÓQUIOS

Por Pedro Du Bois | 1/05/2011 02:41:00 PM em | comentários (0)

...
pense na família constituída com esforço e dedicação
e tenha a visão futura das desavenças: entregue
o corpo ao líquido fornecido na saída e se evapore
em gases fluídos entre as portas. O esquecimento
vendido em frascos e pílulas. A agulha
perfura a pele: ainda é sua. Não por muito
tempo: a vida não lhe pertence.

não há como chegar ao final do palavrório.
A interrupção presente em derradeira fuga: cala
as dúvidas e as internaliza: doenças fazem o restante.

(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. IX, Edição do Autor, fragmento)

Fatalidade

Por Eryck Magalhães | 1/02/2011 02:15:00 PM em | comentários (4)

Era aficionada por livros. Destino traçado: seria uma intelectual. No entanto, foi encontrada morta sobre um livro. A indigestão matou a traça.


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