Ponto e LInha

Por Duda Araújo | 9/30/2010 12:49:00 AM em , | comentários (1)

A linha caminha
O ponto é ponto
No encontro, três pontos
São reticentes
Mas em fila indiana os pontos
bem juntos são uma linha
até onde ela se alinha
curva ou reta
com ou sem meta
cria forma
e o ponto informa
que é o fim.
ou não
aí é outro ponto
de interrogação

Duda Araújo

ALGUMAS PALAVRAS

Por Pedro Du Bois | 9/28/2010 01:14:00 PM em | comentários (1)

Palavra:
mentira
exposta

fratura temporal
quebrada ao silêncio
em que o mundo
exposto
mostra o mal

bem dito
bendito trecho
intercalado no discurso
antecedente ao clímax

orgasmo posto
chama: palavra
queimada ao equilíbrio.

(Pedro Du Bois, ALGUMAS PALAVRAS)

OUTRO POETA

Por JURA | 9/25/2010 01:26:00 PM em | comentários (1)

Um poeta quando encontra outro poeta, fica estupefato, estranha demais: “Nossa, outro lunático, outro que fala sozinho, que levanta no meio da noite pra anotar um verso para a noite de sono não apagar.”


Um poeta quando encontra outro poeta, fica estupefato, estranha demais, mas fica feliz, e troca versos e ideias e convida o outro poeta para um café ou um vinho.

Insônia...

Por Tonho França | 9/24/2010 10:06:00 PM em | comentários (3)

Havia alguns meninos na praça, cinco ou seis no máximo, o mais velho devia ter entre dez e onze anos, não mais que isso. Estavam sujos, afoitos, dividiam entre sí pedras acessas e sacos de cola. À luz do dia, as pessoas passavam a uma distância segura – talvez o termo correto a usar seja a distância da indiferença. Logo, estavam mais agitados, e um deles, pegou umas bolas coloridas e começou a jogá-las, a principio ria, e ria, era um malabarismo perfeito, delicado... cronologicamente perfeito, um segundo, um deslize e tudo poderia ruir... (com a vida deles é exatamente assim). Seguiu-se o barulho, a alucinação. Anoitece, no escuro, as pedras acessas iluminavam os olhos das pequenas faces. Madrugada, vários tiros, os gritos, tiros - toda matança é rápida e sombria.

Na manhã seguinte, seis sacos pretos cobertos na praça, seis sacos pretos cobertos na praça, as bolas coloridas de malabarismo descansavam num canteiro. Seis sacos pretos cobertos na praça, seis sacos pretos cobertos na praça e ninguém reclamava pelos meninos da cola, do crak, dos malabares, eram apenas seis sacos pretos cobertos na praça. Retirados, rapidamente, homens lavavam, esfregavam, e a praça limpa  devolvida ao povo.

Quem puder dormir, que durma.

Bom sono.



Tonho França.

JARDIM E LUA

Por Tonho França | 9/23/2010 11:32:00 PM em | comentários (2)

Mágico aroma dança no ar.

As damas-da-noite se abrem...



Tonho França

DOS AMORES

Por Pedro Du Bois | 9/22/2010 03:39:00 PM em | comentários (3)

Teu amor
traduzido
em estrelas

teu amor
emaranhadas ondas
do meu mundo

teu amor
infinito
sobre o restante

meu destinado
vulto contra o vidro:
recôndito ser.

(Pedro Du Bois, DOS AMORES, 6)

Vem..

Por Tonho França | 9/21/2010 11:43:00 PM em | comentários (1)

Podemos ser tão velozes

como os cavalos em galopes

têmpora de temporais

com almas de vendavais

temporada de flores e florais...



chama de fogo na partitura

risos de menino na noite escura

do nunca mais

do nunca mais

ainda nos pintamos

com água viva, a própria vida

e assim

como se fossemos

ser como se fossemos

se não fossemos mais

ainda tão iguais



podemos ser para sempre

já que o sempre

já não é mais

já não é mais

presente

e o futuro que sorri aí ao lado

já é passado

já será passado



Só não acorde

Só não acorde

Vem

Ainda nos vemos tão jovens

Quanto a menina de jardineira

A vida inteira

A vida inteira

Os sonhos nascem nas íris matinais

Não espere mais

Só não espere mais

Temos todas as canções da vida

E eternos, como só os sonhos são

Só os sonhos são



podemos ser para sempre

já que o sempre

já não é mais

já não é mais

presente

e o futuro que sorri aí ao lado

já é passado...



Tonho França

Fim de tarde

Por Tonho França | 9/21/2010 08:26:00 PM em | comentários (1)

O toque púrpura suave do fim de tarde

Colhe o cântico das nuvens.

Nos quintais, as jabuticabeiras

Reluzem um aroma mais adocicado

(talvez típico dos meses de agosto)



Na partitura que rege o universo

Faz-se uma pausa quase que celeste...



Meu olhar, antigo e cansado

Pousa na simplicidade de uma flor amarela

Em um canteiro qualquer.



O momento faz-se eterno

Ainda assim, não me rendo às orações.

Em um silêncio íntimo

Sorvo de um chá de limão e canela

E brindo à vida

Que tudo é

Na pequena flor amarela.





Tonho França.

Carregando o Judas, a molecada para diante da "biqueira".
Gritam:
- Queremos pe-dra! Queremos pe-dra!
E o traficante manda bala.

Cena para um haicai

Por W.G. | 9/19/2010 09:54:00 AM em , , | comentários (2)

sopra o outono
a folha cai ou não cai?
solta-se. com o vento se vai

A Salada

Por Diniz.DL | 9/18/2010 07:05:00 AM em , , | comentários (1)

Tenho uma vontade absurda de escrever e debater sobre um determinado tema, mas, por uma questão institucional, eu não posso. Resolvo então falar sobre minhas preferências gastronômicas e as de alguns amigos.
Algumas classes de alimentos são mais interessantes que as outras, como as frutas - que eu considero de importância federal - e por isso me dedicarei a elas por hora. Muitos hoje em dia parecem preferir o morango: vermelho, pequeno e um pouco azedinho, promete um contínuo banquete de delícias a todos, com uma presença bem difusa de seus benefícios. Existem aqueles que, contudo, preferem laranjas (dentre as quais faz um sucesso danado a laranja-serra-d'água), que tentam resgatar uma tradição já anterior do nosso país e seus defensores apontam para um estado melhor de coisas quando as frutas desse tipo eram as preferidas.
Mas pouca gente fala do kiwi, uma fruta mais exótica, de aparência meio frágil e completamente verde, evocando uma consciência ambiental e sustentável - diria eu mesmo. Muitos de meus amigos preferem o kiwi, mas ao que tudo indica o kiwi não teria chance nem pra presidente do Brasil. Ainda assim, gosto do kiwi. Mas respeito e até mesmo concordo com quem gosta do morango vermelinho e da laranja-serra-d'água, pois, em última análise, devemos escolher a fruta que nos parece melhor - vivemos, afinal, em uma democracia.
Existem ainda muitas outras opções de frutas, cada uma mais singular que a outra, e muitas pessoas gostariam de prová-las e poderiam até mesmo preferí-las a quaisquer outras, mas temem escolher uma fruta sem maior expressão e que não chegaria com sucesso à salada da sobremesa.
As pessoas se esquecem de que a escolha individual é justamente assim, solitária. Como tal, deve ter em consideração somente aquilo em que acredita a pessoa, aquilo que ela preza e respeita, não a vontade de outras pessoas, mesmo que sejam uma maioria esmagadora.
Nossa salada de frutas não precisa ser limitada ao morango ou à laranja e nem mesmo ao kiwi. É preciso trazer novas variedades, novas espécies e enriquecer cada vez mais a sobremesa do brasileiro que, depois da festa, quer mais é poder relaxar com a consciência de que escolheu a fruta que é nelhor para ele.

SINAL FECHADO

Por Tonho França | 9/16/2010 08:16:00 PM em | comentários (4)

Os motores cochilam cavalos invisíveis

Haikai do outono

Por mural do ajosan | 9/14/2010 08:30:00 PM em , , , | comentários (2)

folhas do outono
varridas pelo vento

- chegando inverno –

PRIMEIRO DIA

Por Pedro Du Bois | 9/14/2010 12:22:00 PM em | comentários (0)

Mantém a postura, o rei está vendo; eleito
teria a mesma pose, é do engodo a autoridade
como o todo completado; sua voz grita sobre
verdades e cobra o sentido do caminho, a terra
urbanizada; o vizinho, a mulher da vida, a criança
depositada ante a porta ainda fechada.

(Pedro Du Bois, A DIFERENÇA ENTRE OS DIAS, 4)

Nanoconto de Sexta-feira

Por W.G. | 9/11/2010 04:50:00 AM em , , | comentários (2)

Na ilha deserta, Robson recluso é.

Tonho Zen

Por W.G. | 9/11/2010 04:46:00 AM em , , | comentários (1)

Poeta que me edita.

Não deve haver honraria maior que o convite de um poeta para participar de um seleto grupo de escritores, não só lendo ou ouvindo, mas também compartilhando as parcas linhas que se possam produzir. Gosto de pensar que, no meu caso, o mérito todo reside nalguma percepção única de algum potencial oculto que o convidado pode possuir, mas que somente é plenamente acessível aos sentidos do poeta.
Essa percepção é o traço que distingue o poeta de qualquer outro escritor. Narrar fatos, mesmo os fictícios, é tarefa simples se comparada àquela de sentir o que existem além do que os sentidos podem captar. E poesia é justamente isso: a descrição impossível de uma realidade inacessível; a exposição em versos de algo do mundo que não pode ser explanado de forma acadêmica, científica ou narrativa.
Todos discursamos ou escrevemos em algum momento sobre os sentimentos, mas só o poeta é capaz de captar e verter em versos a essência do sentimento em si mesmo, como experiência ao mesmo tempo subjetiva e universal.
A poesia é coerente em suas contradições, como já ouvi algum amigo afirmar, o que faz do poeta uma espécie única de ser humano: identificando os temas universais, nos lança sobre suas percepções pessoais destes temas e nos faz considerar nossas próprias ideias - o resultado é o reconhecimento do "eu" no "outro": o poeta é o instigador definitivo de uma fraternidade sentimental.
Eu não sou poeta. Minha visão do mundo já oscilou entre o romântico e o cético e a manifestação literária é mais digna de registros científicos e não das antologias poéticas. No que diz respeito à capacidade de ver além das aparências e penetrar no invisível presente no visível, minhas habilidades são equiparáveis a de qualquer outro ser humano médio.
E o que pode um ser humano médio contribuir no debate dos poetas? Isso não cabe ao mediano decidir, mas sim ao artista com a pena em punho, que é capaz de enxergar nas mais simples manifestações naturais e humanas a música que faz o mundo girar... E mesmo no mediano o poeta encontra a alheia e a sua própria poesia.

Bala

Por mural do ajosan | 9/10/2010 04:27:00 PM em , | comentários (3)

Ele foi encontrado, caído, com uma bala no peito. Minutos antes roubara uma doceria

COMO AMANHEÇO

Por JURA | 9/09/2010 07:58:00 PM em | comentários (1)

não faço versos como amanhece
o amanhecer é límpido, nu
os versos que amanheço
são baços e turvos
nada acesos.

HAICAI DE PRIMAVERA

Por JURA | 9/09/2010 11:39:00 AM em | comentários (1)

Nuvens cinzentas
Ipê amarelo
dores magentas.

7 de setembro

Por Eryck Magalhães | 9/07/2010 11:53:00 AM em | comentários (0)

Por mais que tentasse, o preto não conseguia dar sentido ao grito do Ipiranga.

RESPOSTA

Por Pedro Du Bois | 9/06/2010 02:20:00 PM em | comentários (1)

Não há resposta:

dúvidas permanentes cobrem o espaço

vazio de lamentações e gritos:

de nenhuma razão falamos aos filhos;

as lutas inglórias do passado

são meras referências do que não fizemos.


Estar aqui pode ser a resposta,

fosse outra hora e fôssemos seres

de igual ressonância e magnetismo.


Não mentirosos obscuros

e irreais mascates das estrada.


...


(Pedro Du Bois, POETA em OBRAS, Vol. X, fragmento)

SACRIFÍCIO

Por Tonho França | 9/06/2010 12:28:00 AM em | comentários (3)

tocar a palavra

sentir a palavra

beber a palavra


sacro oficio


oferecer-se a palavra

ser a palavra

viva


prazer

pra ser

poesia


alimento vivo de todo dia



Tonho França

sob controle

Por JURA | 9/02/2010 09:26:00 PM em | comentários (3)

bom estar em casa
mesa posta
livros na cabeceira.

Poema

Por mural do ajosan | 9/01/2010 06:17:00 PM em , , | comentários (0)

Poema


Pó de poesias
irrigadas
pelo vento

Mar palavras
naufragando
por ondas

de um mar sem fim

Vindo de encontro
a mim


Assim como a onda
que bate nas pedras...

Incertas!!

Palavras de amor

jogadas ao vento

Momentos!!


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