ADMITO QUE PERDI

Por Unknown | 5/30/2012 07:48:00 PM em | comentários (0)


Admito que perdi.


Sim, Pablo, admito que perdi:
a mão,
o jeito,
o metro,
me perdi em meu leito;
enquanto sonhava,
alguém me realizava.


E o amor, de tão real, se mostrou
bruto,
concreto,
inflexível,
incapaz.


Sim, Pablo, admito que perdi:
a conta,
o fio,
a meada;
o meio
pra votar a ter um jeito.


E meu leito, onde mergulho perfeito,
continua cheio de sonhos.

PÁSSARO

Por Pedro Du Bois | 5/30/2012 07:59:00 AM em | comentários (0)

entre galhos
diviso o pássaro
que me olha
no irreconhecível
gesto: grita
suas penas
e voa
ao outro
galho

preso ao chão
observo no voo
a leveza do corpo

no grito
o reconhecimento

(ele) não me olha
- indivisível ser
  preso ao contato.

(Pedro Du Bois, inédito)

Por JURA | 5/28/2012 10:19:00 PM em | comentários (0)


VOLTAR

Por Pedro Du Bois | 5/26/2012 09:49:00 PM em | comentários (2)

Volto ao estado inicial:
antes da metamorfose
na transição do contrário.

   A simpatia em carta simples:
               o selo indica
               no carimbo
               a data da remessa

    amanheço em cada consequência
    e danço: sim, minha amada,
    danço minha renovação:

               - o zero
               - o infinito
               - o número mediano
                  na estatística

volto ao estado inaugural: tenho
a metamorfose disposta ao novamente.

(Pedro Du Bois, inédito)

ACHILES CIMATTI FILHO

Por Unknown | 5/19/2012 06:16:00 PM em | comentários (0)


“Poeta foste, e és, meu pai.
A mim me deste
O primeiro verso à namorada.
Furtei-o De entre teus papéis: quem sabe onde andará…”
(Vinícius de Moraes)






  Um anos depois,E não consigo sentir outra coisa que não“Por que foste embora, teu puto!?”Enquanto eu percebia que te imitava em cada gesto:Na forma como me tratavas, conquistava meus amigos;Na forma como pensavas, instruía meus ouvintes;Na forma como amavas; agradava minhas namoradas... Enquanto percebia que te imitava em cada gesto,Percebia que nossas discussões eram atos de amor:Eu tentando te decifrar pra ser tão forte quanto erasE tu tentando te esconder o quanto podia pra me ensinar a ser um decifrador...Como tu.Me ensinaste que Deus não dá,Que Deus não doa;Que ser deus dói.Me ensinaste que cada beijo teu por mim conquistadoSignificava: “Por hoje chega, vá e erre menos”. Enquanto percebia que te imitava em cada gesto,Partiste; de uma vez por todas. E agora, se tudo continua vivo e misterioso,De quem roubarei uma dica, como um beijo?E agora, se coisas novas acontecem, que ainda não haviam me passado,A quem vou me mostrar angustiado?Se alguns toques que me destes, e que tanto agradaram nossos amigos e parentes,Mas não funcionaram com que amei, com quem vou me lamentar.*E, se os versos, sem palavras, que me destes;Se as canções que me assoviastes em segredo;Se os detalhes do cuidado com o lar e a família;Se as frases irônicas e dúbias para os amigos (os de verdade);Se aquele olhar e aquele beijo bem dado na namorada,Gestos que me deixastes roubar de ti;Se a delicadeza com que se trata uma mulher,Que fizeste questão de me ensinar à exaustão;Se a dureza que me deste para tratar meus irmãos...Se essas vivências, de repente, são bem aceitas,A quem vou anunciar com prazer imenso:“Pai sou como tu!”?E agora?Se tudo continua vivo e misterioso,“Por que foste embora, teu puto!?”

                                                               (ALEXANDRE CIMATTI, eterno filho)













PEDIR

Por Pedro Du Bois | 5/18/2012 11:14:00 AM em | comentários (1)

peço para apagarem as luzes
prefiro o escuro pano sobreposto

peço respostas: sou perguntas
peço misericórdia: sou
a acusação imprecisa

ter chegado não alivia a carga
trazida nas costas lanhadas
em atravessado trajeto de retorno

peço para dizerem seus nomes
são o silêncio: sinto suas mãos
sobre meu corpo erguido alçado
sustentado: sou transportado
ao lugar de origem: grades
fechadas em portas entreabertas
onde me instalo.

(Pedro Du Bois, A CASA DAS GAIOLAS, XXX, revisto, 2a. Edição, 2005, Ed. do Autor)

O NOME BENDITO E A MALDIÇÃO DO NOME

Por Pedro Du Bois | 5/11/2012 09:46:00 AM em | comentários (0)

A oposição permite a visualização dos lados
comprometidos ao objeto. Bendigo o nome
acolhido em resposta e me defronto
com a maldição do nome pronunciado.

     (Lembro histórias de moedas,
      luzes e animais selvagens).

  Domestico o nome benfazejo
  e o oportunizo ao relento.

                     A maldição se instala
                     junto à porta.

                     Onde esmaece.


(Pedro Du Bois, A PALAVRA DO NOME, XIV, I, revisto, Edição do Autor, 2008)

COMO?

Por Unknown | 5/06/2012 07:50:00 PM em | comentários (2)



        




Como dizer o que eu quero pra quem quer, mas não pode?
Como dizer o que eu posso pra quem pode, mas não quer?
O que faz uma mulher?
O que pensa um homem?
Criançamos e recriancemos
Que o melhor ainda está por vir.
Viremos a página e veremos o futudo
- o parado ficou pra trás –
traz outro gole do que eu quero mais.
E quero mais é que tudo venha do inferno
(sem pecado e sem paraíso),
e para isso é preciso parar
para ver, ouvir e tocar.
Dizer?
Como dizer o que eu não posso pra que não quer e ainda pode?
Como dizer o que não quero pra quem não pode e já não quer?
O que tem uma pessoa?
O que encerra um corpo?
Animamos e reanimemos
Que o amor já está por ver.
Veremos na lágrima e seremos presente.
Apresentemos o que há!
Não há nada além do que é
- e é tudo o que vale a pena –,
apenas uma pena, apenas uma pena...
(pena é não poder pecar)
e, apesar disso, há um pesar
nisso
parar de ser, fluir e trocar.
Viver?
Como viver o que eu não quero por quem não pode, logo quer?
Como viver o que eu já posso com quem já quer e, por isso, foge?

PAI para meu pai no dia de seus 81 anos

Por JURA | 5/01/2012 09:45:00 AM em | comentários (1)

sou meio meu pai
meia idade dele
meia vida dele

sou  meio espelho dele
reflexo torto, enviesado
sou  meio o que ele trouxe

sou meu pai
vida dele
espelho dele.



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