insano
busco sentido
na minha existência
(não existo)
(Pedro Du Bois, inédito)
Quando o homem aposta
a vida
no destaque
sabe
da perdição
existente entre o baque
do corpo
antes da queda
ao corpo não cabe a escolha
em apostas que seguem donas
das aventuras em desenlaces
retornadas em formas
desproporcionais
nos atos
a memória subsiste em quem fica
imóvel no avistar o passado
sobre as pedras.
(Pedro Du Bois, inédito)
A sucessão enlaça o presente
e o arremete ao desconhecido
de onde ressurge (novo)
o novo se equipara ao todo
e se limita na repetição (do ovo)
o ovo repousa na casca
sobre a relva e nada retira (está pronto)
pronto
o corpo quebra a casca
que o separa de mim
a quem sucede.
(Pedro Du Bois, inédito)
tosco
teso
tonto
na descoberta
irritante
de que o hoje
o ontem
me aguardam
amanhã
ininterruptamente
(Pedro Du Bois, inédito)
Na hora derradeira
pergunto sobre o tempo
a chuva
a geada
a chegada do outono
em desfolhadas árvores
de alas acariciando carros
nos movimentos diários
na hora derradeira trago a imagem
do feito
e do desfeito consolo
de que apregoam preços
em feiras e flores na rua
o providencial guarda-chuva
que no semáforo o guarda apita
verdades reguladas em extremos
na hora derradeira o extremo gesto
materializa o antes
o agora
o distante intercalado
no gosto da lembrança.
(Pedro Du Bois, inédito)