Por Unknown | 7/29/2012 05:00:00 PM em | comentários (0)
Da orla assiste
o passageiro do barco
vomitar sobre a amurada
na passagem
o passageiro enjoado
assiste sobre a orla
a pessoa estática
a terra permanece
como paragem.
(Pedro Du Bois, inédito)
Somos dois e somos mais:
Café com carinho cedinho antes da cama acordar;
Um caminho lado a lado de mãos abraçadas;
Ouvidos, olhos e disposição um para o outro;
Dia abandonado pra se lançar na noite da paixão.
Somos dois e somos mais:
O moço que espera pendurado na janela;
A moça que corre e se atrapalha com a tramela;
A tormenta de saber do outro na demora;
A lagoa tranquila do reencontro.
Somos dois e somos mais:
A vida aparentada diariamente;
A amizade espalhada de repente;
O amor espelhado no presente;
A lida apresentada quando ausente.
Somos dois e somos mais:
A vontade de estarmos juntos à beira-mar;
O afago depois de um dia difícil;
O sorriso no meio do assunto inusitado;
A bronca depois de um fora imperdoável.
Somos dois e somos mais:
Aquele papo magoado que tenta curar a ferida;
Aquela tristeza da incompreensão imensa de solidão;
Aquela tempo de ficar em outra já que não há o outro;
Aquele dia sem amar que não passou de um dia sem viver.
Pouco lhe agradavam as entrevistas. As perguntas eram inúmeras, e as respostas, exíguas.
"A maior distância entre dois pontos"
Por Unknown | 7/22/2012 09:17:00 AM em Alexandre Cimatti | comentários (0)
E a distância foi se aproximando...
E não havia mais bom dia;
Quase não se ouvia um boa noite;
A companhia que nos servia de ponte
Entre o deserto-solidão e a solidão deserta de cada um
Se desgastara.
E o pão era pão( já havia sido corpo)
E o grão era grão( já havia sido oferta)
E o plano era plano( já havia sido sonho)
E a grana era grana(já havia sido providência)
Somaram-se as subtrações:
Divididos, multiplicaram-se as distâncias.
Não se agia;
Não se lamentava;
Não se dizia:
Apenas se esperava
(Não se sabia) a maior distância entres dois pontos.
E, não de repente,
de-sa-pro-xi - m a - m - o - s.
(cimatti)
Prazeres, nesta terra, existem muitos:
O prazer da carne;
O prazer em conhecer;
O lazer; o fazer acontecer;
O prazer do trago;
O prazer que traz;
O prazer que trai;
O prazer que atrai...
Existe até o prazer no desprazer:
Próprio ou alheio.
Há prazer no feito e no desfeito;
No coito e no biscoito;
No conto e no desconto;
No trato e no retrato...
Mas; se houver prazer
Em todos os casos e acasos,
Em todas as coisas,
Gentes e jeitos;
Não haverá prazer que se iguale ao da
INTIMIDADE.
(sobre a distância nada diz
prefere falar da permanência)
ao redor do corpo giram
espaços: a escuridão
na especificidade da contagem
em que lembranças traduzem
espontâneos ensinamentos
o corpo se agita em cárceres
e faz sua fortaleza menor
em acontecimentos e artes
(sobre a distância percebida diz
do azar em permanecer estático)
(Pedro Du Bois, inédito)
Do medo
original
retiro o tédio
adquirido
teço minha trama
urdo minha sina
ardo minha figueira
urro minha ida
terço minha arma
traço minha vida
no tédio adquirido
refaço o medo
inicial.
(Pedro Du Bois, inédito)
atravesso o espaço
- distância permitida
avesso ao trajeto
- preço percebido
avanço sobre a cratera
- queda percebida
refaço o gesto
- tanto concebido
acesso o corpo
- corpo possuído
(Pedro Du Bois, inédito)