Transmudadas cores
enganosas faces
ferozes ícones
descontinuadas horas
no tempo
das campainhas
e alarmes
sustos e medos
na música tranquilizadora
esqueço as cores
são falsas imagens
de domingos religiosos
e entregas
tenho o ouvido atento aos latidos
aos grunhidos das feras no ocaso
e em acesos olhos
onde meu medo se entrega
e me liberto em cinzentas cores.
(Pedro Du Bois, inédito)
Assassino confesso
confessa a mágoa
de ter sido deixado
ao sabor da tormenta
atormentado ser
a mentir além
da desgraça
fosse o número
o limite da (sua)
capacidade
pobre animal sanguinário
covarde em triste carcaça
predador
emparedado
em limitações.
(Pedro Du Bois, inédito)
Há a história
e suas versões
de quentes verões
em noites intermináveis
são exploradores de brincadeiras
e heróis de tantas feiras
levando as férias
na ponta do lápis
uma bebida
um almoço
uma cerveja
um caroço
outra bebida
um lanche
rápido.
(Pedro Du Bois, inédito)
O peixe sabe da isca
mesmo assim
se arrisca
e perde
o anzol
prende a garganta
e a força
o leva
para fora
antes de sufocar
vê o mundo
fosse outro mundo
ilusório
o peixe sabe da isca
por isso
se arrisca
e ganha.
(Pedro Du Bois, inédito)