Observo a caixa onde o último charuto descansa
Há uma certa elegância no aroma do Cohiba
Ainda pousa sobre amarelados papéis
a caneta de pena importada
o relógio de bolso em ouro
(ambos herança de meu avô)
já desfiz-me de tudo que era precioso
perdi-me de muitos rostos caros e amigos
e morri um pouco em cada mulher que amei
hoje o tom escuro repousa em quase todas minhas roupas
e toda essa profusão de sons, cores, pessoas
são estranhas ao meu olhar.
Relembro na pausa de um suspiro (lento)
Toda minha vida
pouco restou de uma época e de mim.
Os últimos poemas ainda insistem na memória
Eles tem a alma, o ritmo e o segredo dos mares
E toda noite, condenam-me veemente
ostentando sobre as ondas, brados revoltos
em espumas claras-intensa-reluzente
A face de todos meus “eus” mortos
1 comentários:
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Simone MartinS2
on
21 de agosto de 2011 às 22:47
Boa noite...dizem que o poeta e um fingidor, mas mesmo que finjas de uma coisa estou certa, sempre existirá algum resquicio de verdade ou realidade em tudo que escreve, pois o poeta escreve com a alma e o coração, sentimentos puros e verdadeiros, então, como pode ser fingidor? Não, por mais que falem de mil faces, multifacetados, nao acredito que finjas, deve haver sim, um fundo de verdade em tudo aquilo que escreve, mas deparar com nossos "eus" mortos, significa renascer, com um novo "eu", reviver algo que ja se foi e dar a nova face a tapa e continuar em frente...Adorei! Me empolguei...rsrsrs...boa semana pra ti...abraços!
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