Exulta
exalta
no vulto do espelho
espelha
o gesto
com que se repete
no aplauso consequente
de louvações o destino
busca o passo seguinte
não o repetido espetáculo
em que avulta o preço
da homenagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
Ainda você, minha flor do amanhecer,
Que saboreava cada verso meu,
Como se, dali, chegasse ao apogeu
...
Da felicidade em teu alvorecer.
Ainda você, meu sol a florescer,
Que se lamentava a cada avesso teu,
Como se eu fosse uma luz em teu liceu,
Como o breu viesse eu a converter.
Ainda, em cada serenata de amor,
Você, que não se acostuma à ira, à dor
De saber um mar sem rima ou remador
roda gira
pira,
roda expira.
roda lírica,
empírica
roda de catira
Há sempre
o paradoxo
no suicida
doador de órgãos.
(Pedro Du Bois, inédito)
Observo a caixa onde o último charuto descansa
Há uma certa elegância no aroma do Cohiba
Ainda pousa sobre amarelados papéis
a caneta de pena importada
o relógio de bolso em ouro
(ambos herança de meu avô)
já desfiz-me de tudo que era precioso
perdi-me de muitos rostos caros e amigos
e morri um pouco em cada mulher que amei
hoje o tom escuro repousa em quase todas minhas roupas
e toda essa profusão de sons, cores, pessoas
são estranhas ao meu olhar.
Relembro na pausa de um suspiro (lento)
Toda minha vida
pouco restou de uma época e de mim.
Os últimos poemas ainda insistem na memória
Eles tem a alma, o ritmo e o segredo dos mares
E toda noite, condenam-me veemente
ostentando sobre as ondas, brados revoltos
em espumas claras-intensa-reluzente
A face de todos meus “eus” mortos
Fabiano Fernandes Garcez: Notícias
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/19/2011 11:14:00 PM em | comentários (0)
Fabiano Fernandes Garcez: Notícias: Jornal Comunicação Regional publica crônica de Fabiano Fernandes Garcez http://2.bp.blogspot.com/-qSMs6W4xeCs/Tk49sK_v64I/AAAAAAAABQM/y...
é arredia
sabiá-laranjeira
saíra
cor de canto
que às vezes
somente às vezes
c
a
em m i m
Tonho França
O mestre
amestra
os alunos
o balançar
do lápis: papel
riscado
arrisca sussurros
ao espaço
e colhe
na vibração
o tempo
ao mestre
restam
amestradas
lembranças
em desalinho
o lápis intocado
repassa
o papel
intacto.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por Pedro Du Bois | 8/10/2011 10:10:00 AM em | comentários (0)
Escrever me define o que sou, quem sou, e o que vejo do que outros são.
Escrever dói, arranha, anima, ânima.
Alma, blues, "todo amor que houver nessa vida"
Escrever me salva de mim mesmo.
O negro de tão negro é invisível
invisível aos olhos dos que vêem
aos cegos os negros são mais lúcidos
pois negro é tudo o que vêem.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 22)