Tinha os olhos e cabelos formados por feixes de águas negras e profundas
A pele morena e lisa em tom de terra secular e misteriosa
Lábios finos e doces como o sumo dos morangos
Sua voz era a mesma das deusas e das prostitutas de todos os tempos
E guiava o vôo dos pássaros e o rumo do sol
O vestido de neve rendado por pedras e ervas
cobria o corpo bordado em fios de ouro e pérolas
Era a moça de Santa Cruz de La Sierra
Era a moça de Santa Cruz
Na mão direita estampada a face de vários mortos
E na outra um cajado de lua e estrela
Os seios erguidos apontavam o céu
E amamentavam pequenos anjos que nasciam nas noites de inverno
Os pés descalços pisavam o tempo e as promessas
Suas lágrimas banhavam os vales em trigo e vinho
E era do seu sopro que nasciam os sonhos
Por todos os dias e noites num tecer que não se encerra
Era a moça de santa cruz de La sierra
Era a moça de santa cruz
Era a santa
Ela a cruz
Tonho França
2 comentários:
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JURA
on
5 de junho de 2010 às 15:18
ESPETACULAR, É ESTRANHO SE DIZER POETA QUANDO SE LÊ UM POEMA DESSES DE UM POETA DE VERDADE
SAUDADES -
mural do ajosan
on
7 de junho de 2010 às 09:19
Um poema rico e gostoso de ler, meu amigo Tonho; felicitações.
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