ACONTECÊNCIA
A mulher que chora,
em meio aos galhos retorcidos e secos
que invadem enxeridos a janela
de um quarto triste e de meia cor
meio verde bolor meio marrom poeira
fortemente desprotegido pela porta,
simples, de bambus unidos a barro à força das mãos
e desenfeitado por um retrato sem sorriso
de cores desbotadas de uma mãe-filha e de um filho-pai
que apontam no peito seus corações de desenho pressupondo fé,
fé que não se tem no telhado a aguardar a próxima chuva
que molhará o lençol remendado pelo tempo,
ajoelhada ao pé manco da cama velha
sem saber o que esperar do amanhã
a mulher se recorda que esqueceu de sonhar ontem
A deixei ali
chorando
eterna acontecência.
1 comentários:
-
JURA
on
18 de outubro de 2010 às 23:16
belíssimos poemas, meu caro
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