Durante a semana que passou uma pergunta rondou o Grupo VALEFOCO e alguns estudantes e colaboradores do Senac de Guaratinguetá: o que é poesia? Respostas foram sugeridas, caminhos indicados e eu, pessoalmente, permaneço à margem da discussão e continuo sem saber ao certo o que é essa tal poesia.
Rima pobre, rima rica, versos decassílabos, métrica, concretismo, jurandismo... tudo isso me escapa e imagino que não faz parte do saber cotidiano da maioria das pessoas. Professores de literatura e alguns escritores mais afortunados podem muito bem entender de tudo isso, mas não o resto de nós, mortais de fora das academias.
Mas (e este é um "mas" muito importante), não é bem assim que a banda toca. Aliás, o tocar da banda pode ser poesia, ao que tudo indica. Poesia é, antes de qualquer outra coisa, abrir o espírito ao mundo que nos cerca e deixar que ele nos encante, nos revolte, nos emudeça, nos faça gritar a plenos pulmões. Cada pequeno evento que testemunhamos é imenso de poesia: a infinitude do universo contida no som de uma gota de chuva atingindo a janela de vidro entreaberta numa tarde de domingo na pausa entre uma frase e outra numa conversa de amigos - aí há poesia!
A poesia, me parece, está na capacidade do ser humano em se deixar emocionar. E se a emoção puder ser vertida em palavras, se essas palavras puderem se tornar versos, se esses versos tornarem-se poemas e se esse poema tocar a alma do poeta e do seu leitor, aí sim encontraremos poesia.
Poesia não é academia, não tem regras, não tem lei: ela tem ritmo, tem equilíbrio e tem sentimento - coisas que falam ao espírito das pessoas, não necessariamente à razão. Traz consigo imagens belas, grotescas, sublimes, chocantes e cotidianas, mas sempre com um "não-sei-bem-o-quê" que nos toca. E, como afirmou o amigo Jurandir Rodrigues, ela comunica algo de universal sobre o cerne do que é ser humano.
Em contrapartida, o ser humano, isso a que se pode chamar de condição de nossa existência, é extremamente dependente da poesia: por meio dela suportamos as dores de um amor terminado, gritamos contra as injustiças do mundo e, quando a inteligência e a criatividade permitem, protestamos contra os desmandos de nossos irmãos sem que eles percebam.
Há algo de simbiótico entre a poesia e a humanidade e esta não existiria sem aquela. Se no fim da semana que passou apenas uma pessoa tiver chegado a uma percepção semelhante, fico convicto de que o trabalho dos poetas caminha na direção certa: uma alma salva vale por um milhão.
Para viver[:] poesia
Por Diniz.DL | 10/24/2010 03:23:00 PM em Cachoeira Paulista, Crônicas, Diego Leão |
2 comentários:
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JURA
on
26 de outubro de 2010 às 18:12
esse seu texto enriquece o Valefoco e nosso evento
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Tonho França
on
27 de outubro de 2010 às 21:00
Obrigado Diego, você nos enriquece com sua presença e com seus textos.
abraço meu amigo.
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